O Porquê Da Questão

Sempre que me vejo em situação de extraordinária dúvida e aflitiva curiosidade, não posso evitar me perguntar o porquê disso tudo e o porquê dessas coisas todas (nem sempre nessa ordem, mas sempre com igual intensidade).

Todavia, quase nunca me pergunto, já que na hora "H", quando a cruciante questão se apodera de minha mente, eu nunca sei onde, quando e como usar esses porquês. Porque, como você já deve ter ficado em dúvida e se recordado também, existe uma família inteira de porquês, todos eles felizes e saltitantes como aqueles cachorrinhos que as madames costumam arrastar pelas ruas, doidos para receberem atenção de seres que quase nunca sabem como dá-la corretamente.

E aí eu me incluiria até as galochas, caso eu as usasse.

Os porquês são todos parecidos, mas cada um vem assim, cheio de significados, cheio de mistérios, que só aquele povo bem letrado e de boa memória sabe desvendar e se lembrar sempre e em profundidade. Eu até desconfio que foram eles mesmos que criaram esses bichinhos somente para nos aturdir e nos lançar em gramatical desespero. Mas o importante é não entrar em pânico, já que certamente irão me perguntar o porquê do desalento, e de porquês eu já estou cheio.

É de boa prática então não se deixar levar pelas aparências dos porquês na hora de se aproximar de um deles. Porque os porquês podem ser muito cruéis com quem os emprega sem atenção - são péssimos empregados -, principalmente quando você está fazendo um concurso público, um vestibular ou qualquer um desses testes projetados para fazer com que nos sintamos ignorantes e ineptos.

Os porquês colaboram ativamente com o sistema de ignorância pública (nossa mais sólida instituição brasileira).

E quando vejo tudo isso só me resta dizer... por que?...ããh... ou será porquê?...talvez porque?... ou por quê?

Bem, tanto faz. Desisti de saber o porquê desses porquês. De agora em diante vou tentar usar somente um "por qual razão?".

E que ninguém me pergunte por que, pois não quero nem fazer a menor idéia.





Atenção: O produtor desse blog garante que nenhum dos porquês aqui utilizados foi vítima de maus-tratos de qualquer tipo. Por quê? Também não sabemos, pois que eles merecem, merecem.

Também não me responsabilizo pelo mau uso desses porquês neste local, tenham sido eles empregados como substantivos, conjunções subordinativas causais, conjunções subordinativas finais, conjunções coordenativas explicativas ou de qualquer outra forma que você porventura - ou desventura - venha a encontrar nesse texto.

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