Interpretar e ouvir bem, é um dom!

Hoje uma amiga aconselhou-me a ouvir um cd do ''som das baleias'' para relaxar. Eu lhe respondi:
- Som das baleias? Som das baleias? Por tudo o que é sagrado, prefiro que cravem lascas de bambu embaixo das minhas unhas, prefiro antes uma sessão de eletro-choque na língua a escutar tão medonhos acordes. Eu DETESTO o som das baleias!
Ela me olhou como se eu tivesse chutado a santa e disse:
- Você é um monstro insensível! Como pode detestar um animal tão lindo e maravilhoso! Você deveria estar envergonhado de dizer algo assim!

Eu entendo a revolta dela, mas o que ela não sabe, pois não me deixou dizer, é que não detesto as baleias. Pelo contrário, eu amo todos os animais, com exceção dos coelhos, pelo trauma, e das cobras que me cobrem de pavor, embora nem a eles reserve meu ódio, desde que eles estejam lá e eu aqui. Ou eles aqui e eu lá. Também vale.
O que eu detesto (e não sei porque detesto, mas, definitivamente, detesto) é o ''som'' das baleias e não o animal em si. E apesar da dificuldade em desvencilhar um do outro, algumas pessoas tentam tal proeza com certos animais. Não é raro encontrar-se cães mudos porque seus donos, não se agradando de seus latidos, operaram-lhes as gargantas. Sem uma boa razão, a isto sim, eu chamaria de insensibilidade.

Acredito que, via de regra, as pessoas sabem pouco a respeito das criaturas da natureza e suas características. Em virtude desse desconhecimento muitas lendas perduram e algumas injustiças são cometidas. Um exemplo clássico é o dos orangotangos, usualmente vistos somente como micos superdesenvolvidos, e que no entanto, possuem uma inteligência equivalente à de uma criança de 5 anos, o que os deixa na frente de muita gente famosa.
Mas há mais fatos interessantes:
- Os gafanhotos ouvem pelos joelhos;
- Os morcegos têm uma visão muito boa, sim senhor;
- Os escorpiões não se aguilhoam na cabeça ao serem aprisionados em um círculo de fogo;
- As borboletas têm o sentido do paladar nos pés...

{Aqui abro parênteses, pois uma imagem terrível se formou em minha mente. Vislumbrei a nós, humanos, com papilas gustativas na planta dos pés, andando alegremente, provando dos sabores do mundo até que, para nossa desgraça, pisamos em uma caca de cachorro... É melhor eu controlar a minha imaginação e voltar ao texto};

- Os gatos, além de ouvidos poderosos, também possuem células auditivas nos olhos;
- As formigas cortadeiras não se alimentam das folhas que cortam, mas dos fungos que crescem em suas tocas e que se nutrem dessas folhas;
- As cobras são surdas;
E outras mais...

Em relação à surdez que acomete as cobras, o que realmente acontece nas apresentações dos encantadores de serpente é que essas criaturas peçonhentas concentram-se profundamente no movimento rítmico da flauta e não no som dela. Em todo caso, se fosse eu o tal encantador, teria sempre a flauta em uma mão e um porrete na outra.


PS: Algumas pessoas perguntaram-me sobre a possibilidade de incluir, em seus respectivos sites, um ''link'' para essa página. Com certeza! Eu lhes respondo. Sintam-se livres e à vontade para lincar esse blog onde lhes for mais agradável e conveniente. A casa agradece.

O Perigo


O perigo, em linhas gerais, é um sujeito muito misterioso. De certa forma ele é bem misterioso em linhas específicas também.

Ele sempre está onde ninguém espera que esteja. Pode-se dizer que ele é um grande intrometido, um penetra desordeiro, um terrorista disfarçado de criancinha.

É bem verdade que o perigo muitas vezes está onde todo mundo espera que esteja, e ainda assim existem aqueles que vão lá dar uma encarada nele e, de vez em quando, quebrar a cara.

Esses lugares, onde o perigo costuma trabalhar sem disfarce, freqüentemente estão bem sinalizados com uma plaquinha medonha, quase sempre com o desenho de uma caveira e com uma frase ameaçadora do tipo "RISCO DE MORTE".

Porém, aos mais desavisados, o perigo ainda tenta abocanhar colocando placas de "RISCO DE VIDA" nos lugares onde trabalha, fazendo com que indivíduos sedentos por mais vida (e com essa crise toda quem resistiria se arriscar a ganhar um pouco mais de vida?) acabem por encontrar a morte, o que é o fim da picada (mesmo que a morte não seja por picada).

Sabendo dessas coisas e temendo aquelas outras tantas que minha ignorância eficientemente abrange, passei a estudar o perigo na tentativa de evitar o perigo de encontrar o perigo.

Infelizmente ele parece estar em todos os lugares. Esses dias, enquanto caminhava, ouvi alguém dizer "é aí que mora o perigo!". A conversa não era comigo e somente ouvi aquela frase no ar, mas não perdi tempo e tratei logo de anotar corretamente o endereço do perigo e de traçar uma rota mais segura.

Como já ouvi muitas pessoas dizendo a mesma frase em diversos lugares, acredito que o perigo seja, antes de tudo, muito rico, já que parece ter residências espalhadas por esse mundo afora.

Entretanto, apesar de todo o perigo, cheguei à conclusão de que o melhor a se fazer é não pensar muito no perigo, só o suficiente para não esbarrar nele, pois caso se pense demais, de forma obsessiva ou maníaca compulsiva, corre-se o risco de se enlouquecer abrupta e absolutamente. E isso, por si só, já é um grande perigo.

Sem noção


Andei sem noção alguma. Levantei da cama e em poucos passos acertei em cheio a parede. Acordei sem noção de distância.

O cão que se rasgava em latidos na casa ao lado, presumi que sofria de Latinismo. Pensei sem noção de significado.

Vi um padre na rua, achei que precisava de uma benção. Pedi uma unção, uma das grandes, que me curasse da falta de noção, pedi-lhe uma unção máxima. Pedi-lhe a extrema unção. Agi sem noção religiosa.

Faminto, entrei sem perceber em um restaurante caríssimo, entrei no primeiro que vi, e comi como um rei. Comi sem noção de preço.

E no chique restaurante paguei o pato. Paguei também todos os outros animais e vegetais que devorei.Paguei sem noção de valor.

Trabalhei muitas horas extras para saldar minha dívida. Trabalhei sem noção de tempo.

Sem noção do que fazia, fui viajar. Viajei sem noção de destino.

Escalei montanhas, sem noção da altura. Atravessei rios repletos de crocodilos, sem noção do perigo. Tentei voltar para casa, mas não tinha noção de onde morava.

Caminhei pela cidade, sem noção do cansaço. Tentei entrar em um táxi que vi, mas era um táxi de brinquedo. Agi sem noção de tamanho.

Finalmente encontrei minha casa. Demorei duas horas para colocar a chave na porta. Havia perdido a noção de profundidade.

Caí na cama e a ocupei totalmente, sem noção de espaço. Dormi por dias, sem noção do meu sono.

Acordei e escrevi esse texto. Sem noção de ridículo.

O PREÇO DA LIBERDADE

Foi tão estranho que até mesmo o relógio parou naquele dia... Não foi um estranhamento de surpresa, ao menos não deveria ser. Naquele dia, talvez, ela deixara-se cortar em definitivo suas asas, ela que conhecera a liberdade e já lhe considerava íntima... Permitira então, num ímpeto, que suas asas fossem destruídas já que por dentro se encontrava um caos. O que ela sabia, no fundo, é que cortar-lhes as asas não faria dela prisioneira, visto que, ainda assim haveria saída. Ela encontraria asas na imaginação e mesmo fisicamente acharia uma forma de voar sem precisar sair do chão. Mesmo assim chorava a dor das asas partidoas, pois preferiu este sacrifício ao da própria alma. Custaria sim a cicatrização, e neste meio tempo saberia o preço que havia sido pago, porém jamais sairia da memória o bater de asas, os vôos em bando e a graça de riscar o céu sem hora para voltar. Isso nem mesmo ela, se quisesse, poderia destruir. E como não queria, pois no íntimo era sua lembrança mais valiosa, ela sorria em meio a dor... Em meio ao sacrifício de estar preso por vontade.



*Créditos da imagem: http://sitedepoesias.com/poesias/35662

SAUDADE: QUE BICHO É ESSE?



Acho que a saudade é mesmo um bicho, um bichinho preguiçoso que vai se instalando na gente e acompanha-nos a vida toda e vez por outra dá uma picadinha... Às vezes pequena, às vezes grande e às vezes maior ainda que dá vontade de matar essa danada.

Detalhe: Um bicho não catalogado. Não tem como descrevê-la, como traduzi-la, como reproduzi-la, cada um repassa para a sua saudade o seu jeito e então existem muitas saudades, e cada um tem uma saudade que vai ter várias performances, de acordo com o humor dela.

Tem a saudade pacífica que é aquela que vem gostosa e deixa uma gratidão por algo que passou e ainda pode voltar, aquela de um flash de dois minutos atrás, ou mesmo de uma lembrança boa de um bom momento, essa pode até fazer rir, sua picada é quase como uma cosquinha.


Tem a saudade trambiqueira que é aquela que surge quando você acha que superou um momento ou uma pessoa e ela vem no vento trazendo o cheiro ou o gosto ou a cor que trazem toda aquela dor de volta. Essa danada tem uma picada sutil, que você sente um pouco depois a dor, pois de início ela é meio que anestésica.

Tem a saudade arrebate que é de quando você tá bem tranquila na varanda da sua casa e do nada um pensamento te transporta a algo que você tenha deixado de lado e você corre em busca daquele algo como se o fôlego fosse acabar a qualquer momento. Esta saudade tem uma picada com transtorno de humor que ora cura e ora mata, depende do momento em que você levanta da cadeira e corre em busca do objetivo, pois algumas vezes o despertar vem tarde demais.

Tem a saudade arretada que você não consegue sair do lugar, pois não adianta, mas ela fica ali, judiando, te fazendo lembrar momentos, paisagens, retratos e tudo ao redor teletransporta ao objeto de saudade, ela é danada! A picada dessa saudade fica torturando e até parece que é no juízo.

E por fim, a saudade matadeira, essa é braba, valente que só... E muito ágil também, não tem quem consiga vencê-la, imbatível a danada! Cuidado, a picada dela é venenosa e pode até mesmo ser fatal, pois há quem não resista a uma saudade dessa.

A saudade pode ser proveniente de muitos sentimentos, o amor é o mais comum, pois pode produzir qualquer uma destas saudades, ou todas elas de uma vez só. Essa tal saudade pode ser gerada pela distância de alguns minutos, horas, dias, semanas, meses e até anos, pode ser de algo que nunca existiu, ou mesmo de algo que poderia ter existido, pode ser de algo/alguém que se foi e vai voltar, entendendo esse se foi até a esquina de casa comprar pão ou até o outro lado do continente; e por outro lado pode ser de algo que existiu, foi intenso e nunca mais vai se repetir, por escolha de um ou outro ou pela escolha do destino mesmo, e pode ser até mesmo desavisada, simplesmente se foi sem sequer preparar o coração para as saudades que poderiam vir a ser e acabam sendo doloridamente, eitah negócio complicado essa tal de SAUDADE!

Por isso mesmo a saudade é sem tradução e não foi catalogada ainda... Apenas sabemos que ela pica, que dói, pode doer tudo ou pode doer quase nada, no entanto, como cada pessoa cria a saudade a seu próprio modo dependendo de suas histórias de vida, torna-se impossível dizer como ela é, como se manifesta ou criar-se uma vacina de prevenção.


Ah, ia esquecendo! Tem a falsa saudade, como existe falsa coral (cobra) também tem falsa saudade, e é fácil detectá-la porque esta não dói, e você pode percebê-la no dia-a-dia quando por mero costume a pessoa te cumprimenta: "oi fulano, que saudade, quanto tempo!".

P.S.: E tem uma saudade peculiar minha, de uma calça laranja, uma blusa do pânico, uma fanta uva, um abraço gigante e um amigo único. Essa vez por outra aperta o coração de tanto que dói e tanto que se alarga cada dia que passa. A picada dela é contínua. (Caros leitores, não se preocupem em entender, embora a curiosidade supere qualquer esclarecimento, há quem entenda ;)

Xero e Xau!

SER FLAMENGUISTA



Ser Flamenguista é um negócio muito sério... Né pra qualquer um não viu?

Tem que ter muita paciência, ser a maior torcida do mundo e ainda ter de aturar a segunda maior torcida que inclui todos os rivais. Não é fácil!

Não é fácil fazer parte da maior torcida porque como toda grande família, tem de tudo, tem o filho pródigo que é encontrado com travecos e que não conclui a parábola, ficando mais para um filho traíra do que pródigo, tem maconheiro, macumbeiro, flanelinha, assassino (noooooossa, como tem flanelinha, acho até que o Flamengo é o patrocinador oficial dos flanelinhas, é a farda mais comum), mas também tem estudante de Psicologia, então, nada mal! (risos) tem artista, pô... Tem empresário também, médico... Mas a galerinha do mal insiste em só apontar o que tá feio não é verdade? Não importa! Quando junta todo mundo no Maracanã para assistir um clássico não se vê nada disso, apenas um manto rubro negro forte e alegre que canta em coro ritmado e apaixonado "Tu és time de tradição, raça, amor e paixão: Ó MEU MENGO!"

Enfim, restabelecendo o objetivo inicial, é muito complicado! Em meus 22 anos de consciência rubro-negra posso afirmar com toda certeza, por esperar 17 anos entre uma conquista e outra do brasileirão, segurar o coração em cada final do cariocão, quase sempre disputada nos pênaltis e quase sempre com o eterno vasquinho. Guardo na memória ainda, aquela final da Copa do Brasil, onde o Flamengo invicto perde a final por 2x0 para o Santo André (que time é esse?) - quem é flamenguista vai lembrar... Ou mesmo as fortes emoções de quando tínhamos plena convicção de que Ronaldo viria para o Flamengo e ele acabou indo para o Corinthians.

Não é fácil mesmo! Até porque, mesmo no sumiço de Eliza Samúdio, o caso não ficou registrado como CASO ELISA, como foi o CASO ELOÁ, CASO ISABELLA NARDONI, CASO MÉRCIA, e por aí vai. Ficou conhecido como caso Bruno né? Bonito para o goleiro do Flamengo. ¬¬'

Falam por aí de Adriano Imperador que não é um bom exemplo, ou do Vagner Love, bastante suspeito e já visto com traficantes armados, falam também do goleiro assassino... E do Zico ninguém lembra? E de tantos outros que consagraram-se no Flamengo, que, como costumo dizer, acabou virando escolinha de craques, visto que é uma passagem de jogadores direto para o exterior?


Porém, diante de tantos impasses, nada nem ninguém pode apagar grandes e boas memórias como o clássico Flamengo x Santos pelo Campeonato Brasileiro 2011, não preciso nem dá mais detalhes, ou mesmo das vitórias consagradas nos campeonatos cariocas. Que flamenguista não se emocionou com a saída do grande Júlio César (goleiro)?

É indubitável que é um time de tirar o fôlego, sempre falado, comentado, seja por bem ou por mal, sempre lembrado! É uma referência, uma paixão mesmo que inversa... Não imagino o mundo sem o Flamengo, ou mesmo o futebol, ou aqueles programas de comentários que adoraaaam dá a velha cutucada, sai pra lá bando de carniça, tudinho tem medo da urubuzada, porque quando ela avança é SHOW na certa!


Sou eternamente suspeita de falar, porque dizem que o amor cega né? Porém deixa minha vista num alcance ímpar na bola rolando na telinha, de preferência com aquela ansiedade, pois como costumo dizer: eu gosto é de jogo difícil e desacreditado, com o juiz mais anti-flamenguista do mundo pra dá aquela emoção e gostinho de vitória...

E eu penso que, falando por mim, não sei os outros, quando o coração acelera em uma finalização, o xingamento vem na boca quando o juiz vacila, e a vontade de quebrar a televisão invade quando o David erra uma jogada daquela é porque a raça rubro-negra tá mais do que impregnada, ao ponto de uma simples camisa listrada em vermelho e preto se torne a vestimenta ideal para todas as ocasiões. Porque no fundo, no fundo todo mundo tem alguma coisa pra dizer quando passa diante do manto sagrado.

Xero e Xau!

Minha Dupla Personalidade

Estava meditando sobre esse meu problema de dupla personalidade. Para falar a verdade, não posso dizer que é um problema em toda a extensão da palavra. Muitas vezes esse aspecto da minha personalidade tem mostrado alguma utilidade.
Por exemplo, eu detesto passar roupa, mas, no entanto, eu adoro fazer isso. Enquanto eu lavo a roupa, eu a passo. A mesma regra se aplica em outras tarefas domésticas: enquanto eu lavo os pratos, eu seco; enquanto eu passo o aspirador, eu lavo as janelas, e assim por diante.

Nas horas de lazer, também se mostra interessante esse dueto. Nunca fico sem companhia para jogar xadrez, damas ou outro jogo de duplas.
Não estou querendo dizer com isso que eu não tenha problemas comigo mesmo. Eles existem, mas normalmente é possível resolver esses impasses com um simples ''par ou ímpar'' (poderia ser no ''pedra, papel e tesoura'' se eu tivesse personalidade tripla, mas então o problema seria arranjar uma terceira mão).

O pior problema, e que até agora nem eu tampouco eu conseguimos achar uma solução satisfatória, aparece quando eu quero dormir e eu quero ficar acordado. Sempre que acontece isso eu ou eu acaba por ficar contrariado. Como nesse momento, no qual eu quero dormir, mas eu insisto em ficar escrevendo até mais tarde.

A Cada Tempo O Seu Tempo


Com esses dias frios que têm feito por aqui, olho para os aquecedores, para os chuveiros elétricos, para as torneiras elétricas, enfim, para todos esses confortos e me assombro com esses tempos de tecnologias incrivelmente úteis e, por que não dizer, baratas que o mundo moderno nos proporciona.

E pensar que bilhões de pessoas antes de nós jamais sonhariam em ter água encanada, quanto mais água aquecida, em suas residências. Tornamo-nos de tal forma dependentes desses avanços que não saberíamos o que fazer caso os perdêssemos. O que seria de nós sem a eletricidade? Como sobreviveríamos sem gás de cozinha? Quantos dias suportaríamos a ausência de água em nossas residências antes de entrarmos em desespero? Essa é uma realidade que nós, pacatos cidadãos, não podemos quase nem sequer imaginar (apesar de muitas pessoas ainda sobreviverem desse jeito mundo afora).

Fecho os olhos e me concentro no passado. Com os olhos da mente observo nossos ancestrais de dezenas de milhares de anos atrás. Quase posso ouvi-los dizendo:

- Hur gahf cah jadl grooc assee Rati. (O que nós vamos fazer hoje, chefe?)
- Assee cah jadl trhaa. (Hoje nós vamos caçar)
- Hur cah jadl trhaa Rati. (E o que vamos caçar, chefe?)
- Cah trhaa drunu abaaba tantare. (Vamos caçar um mamute!)

{Aqui abro parênteses para uma pequena explicação lingüística. O termo mamute não existia em trogloditês, portanto era usada expressão "drunu abaaba tantare", que significa, ao pé da letra, "bicho grande pra cacete". Fim dos parênteses}.

- Hur zuih jadl trhaa di Rati. (E como vamos caça-lo, chefe?)
- Tiira rasf ru glebat quarja tamanaz tasoo afeab ru sumta quarja drunu abaaba tantare ru cah ussuâ gataã. (Primeiro vá até a aldeia e chame os guerreiros, depois corra até o vale e atraia um mamute até nós para que o matemos)
- Hur ussuã zu avka tusse tunê fragag (Por que eu tenho sempre que ser a isca?)
- Ussuã za tunê harae zinti quo za gataã du tunê harai danza. (Porque você é o mais fraco, e se você morrer não fará muita falta)

Como vocês podem ver, a vida era muito dura naqueles tempos imemoriais. Principalmente para os menos favorecidos atleticamente.
Mas seguramente chegará o dia em que nossos descendentes olharão nosso tempo e horrorizados dirão:
- Como eles conseguiam sobreviver sem os encogrimadores quânticos? Como era possível suportar a existência sem nenhum tipo de levilet gravitacional ou de, ao menos, pardiurentes bio-assimiladores? O que seria de nossa civilização sem a neuroflimerização global?

Sinto uma alucinada alegria por ter nascido nessa época de alta-tecnologia, mas estaria mentindo se dissesse que não sinto uma enorme tristeza por não saber o que é um encogrimador quântico.

MENOS LUÍZA QUE ESTÁ NO CANADÁ SIM, PORQUE?



Passado o episódio, a modinha, as piadas, e dada a graça de ter visto desfilando no bloco das Virgens de Tambaú* várias "Luizas" eu páro para abrir um ponto de discussão SÉRIA acerca do meme paraibano das redes sociais: "Menos Luíza que está no Canadá" antes que os queridos leitores confundam com a celebridade decorrente deste meme, a Luíza propriamente dita e os seus assessores, fãs e tudo o mais.

O ponto de discussão, na verdade, é a respeito da crítica "Luíza já voltou do Canadá e nós já fomos mais inteligentes", sim... e quem quer saber se Luíza voltou do Canadá ou foi? Isso aí foi constructo midiático que se encarregou de torná-la conhecida, porque até onde ela teria virado piada na internet se daria pelo fato da colocação desnecessária do pai dela na propaganda dos apartamentos, afinal de contas, quem está interessado em saber que a filha de não sei de quem, num sei das quantas, está num sei aonde? Porque, óbvio, se ela estivesse em Guarabira* ele sequer teria mencionado.

E a palavra-chave em minha opinião é STATUS, status que ganha a Luíza, que a princípio estava envergonhada por ter virado piada na internet, até que automaticamente ela passou de piada a celebridade e daqui uns anos, quem sabe, será ícone político, ou seja, ela não precisa está no Canadá porque seus quinze minutos de sucesso renderão o sustento de uma vida mais valioso que os estudos que ela estava tentando: STATUS. Status também para o pai dela, Gerard, que com essa ganha prestígio social para sua carreira que convenhamos, estava precisando de uma dessas, STATUS para a mídia que achou finalmente o que falar, STATUS para o Canadá, STATUS para os apartamentos, agora com nova propaganda, e, porque não, STATUS para o irmão dela, que na minha opinião foi o mais merecido.

Uma pena que o Canadá ganhou mais status que a Paraíba que não ganhou status nenhum. E nestas horas me ponho a refletir se posso usar a tag #jáfomosmaisinteligentes

O fato é que ninguém entendeu a piada, então, vocês que escutaram e não se inteiraram do porque #menosluizaquefoiprocanadá eu vos explico que não foi por falta de inteligência, foi por pura revolta com um capitalismo barato e sujo que insiste em se firmar, e que se firma mesmo em cima das críticas, como foi o caso, mesmo não sendo a intenção da piada, então já fomos mais inteligentes porque os palhaços somos nós quer seja quando tentamos fazer os palhaços de palhaços e continuamos na mesmice mesquinha e medíocre de alimentar a mídia e balançarmos a cabeça antes de qualquer reflexão para palavras bonitas e bem elaboradas.

Creio eu que "e o Quico" se safou dessa vez e vai continuar como expressão simbólica, porque infelizmente querem porque querem reafirmar que #menosluizaquefoiprocanadá é burrice porque ela já voltou, quando ninguém se importa que ela tenha voltado ou não, o sentido é justamente o que está exposto, será que alguém me entende? E quanto ao fato de termos sido ou não mais inteligentes: EIS A QUESTÃO!

Xero e Xau!

*Bloco das Virgens: Faz parte da folia de rua do pré-carnaval de João Pessoa, na qual os homens se vestem de mulher e saem na avenida...

*Guarabira: Cidade do interior da Paraíba

ORIENTAÇÕES DE ADVOGADO PARA SEXO SEGURO


Antes de transar, consulte um advogado.

Você lembra do tempo em que "sexo seguro" significava usar camisinha para evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez?

Esqueça,os bons tempos terminaram. Confira aqui as dicas para sexo seguro que um homem deve observar no maravilhoso mundo feminista moderno!

A coisa está ficando assim: sabe aquela gatinha que você conheceu na balada, que deu a maior mole, você convidou para um motel e ela topou?

Primeiro leve a garota à uma emergência hospitalar e solicite um teste de dosagem de álcool e outros entorpecentes, para evitar acusação de posse sexual mediante fraude. (ART. 215 CPB)

Depois passe com ela em um cartório e exija que ela registre uma declaração de que está praticando sexo consensual, para evitar acusação de estupro. (ART. 213 CPB)

Exija também o registro de uma declaração de que ela está praticando sexo casual, para evitar pedido de pensão por rompimento de relação estável. (LEI 9.278, ART. 7)

Depois vá a um laboratório e exija o exame de beta-HCG (gonadotrofina coriônica humana) para ter certeza que você não é o pato escolhido para sustentá-la na gravidez de um bebê que não é seu. (LEI 11.804 ART. 6)

No motel ou em casa, use camisinha e nada de "sexo forte" pra evitar acusações de violência doméstica e pegar uma Maria da Penha nas costas.

Além disso, você deve paparicá-las, elogiá-las, jamais criticá-las ou reclamar coisa alguma, devem ser perfeitos capachos, para não causar qualquer "sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral", sem que tenha obviamente os mesmos direitos em contrapartida.(LEI 11.340 ART. 5)

Na saída do motel leve-a ao Instituto Médico Legal e exija um exame de corpo de delito, com expedição de laudo negativo para lesões corporais (ART. 129 CPB) e negativo para presença de esperma navagina, para TENTAR evitar desembolsar nove meses de bolsa-barriga caso ela saia dali e engravide de outro. (LEI 11.804 ART. 6)

Finalmente, se houver presença de esperma na vagina da moça, exija imediatamente uma coleta de amostra para futura investigação de paternidade (LEI 1.060 ART. 3 INCISO VI) e solicitação de restituição de eventuais pensões alimentícias obtidas mediante
ardil ou fraude. (ART. 171 CPB)

Fazendo tudo isso, você pode fazer "sexo seguro". se ainda estiver interessado.

Homem-banana


Continuando com essa história triste que eu iniciei em meu último artigo (peço mil quatrocentas e trinta e sete desculpas por tão lamentável intermitência de deixar o Blog parado por meses), conto hoje aqui a história de um outro tipo de homem cujo destino, se não é tão horrível quanto o do Homem-picolé, certamente não é nenhuma moleza. Refiro-me ao Homem-banana.

Coitado do Homem-banana. Vive sempre com um cacho de problemas para resolver em sua infecunda existência. É possível até mesmo dizer que esse sujeito leva uma vida vegetativa.

Ele começa seus dias muito verde para entender das complexidades desse mundo. Mas desde o início, como se já pudesse pressentir o peso de seu futuro, o Homem-banana já não consegue manter a confiança e se curva perante a vida.

E que vida ingrata. Ainda moço é posto para amadurecer sem que nem uma lição lhe seja dada. Não é a toa que muitos não resistem e viram chimia nesse mundo cão.

Mas boa parte resiste a essa prova inicial. Coisa que não lhes vale muito, pois logo são obrigados a ir para as ruas e vender seus corpos a preço de banana. Sim, ser um Homem-banana é muito humilhante.

Em cada lugar que vão, recebem apelidos. Banana-nanica, banana-catarina, banana-caturra e banana-d'água são alguns dos termos com os quais o Homem-banana é conhecido por essas bandas. Mas não se iluda, esses são somente alguns, pois existem pencas deles.

Sempre que podem, os Homens-banana se escondem nas matas e vivem em grupos. Quando em seu ambiente natural, são criaturas muito alegres, gregárias e vivem a brincar de plantar bananeiras.

Mas se vivem na natureza, os Homens-banana também o fazem com receio. Assim como quase todo mundo, eles têm muito medo de alguns animais, mas nenhum lhes causa tamanho pavor quanto um macaco. Acabar esfolado e devorado por um símio é um pesadelo para qualquer Homem-banana.

É, depois disso não é de se estranhar que o Homem-banana seja antes de tudo um revoltado. Mas, para sua infelicidade, ele não mostra essa revolta pra ninguém, preferindo manter esse sentimento escondido, pois ele sabe que por dentro não passa mesmo é de um grande molenga.

Homem-picolé

Costumam falar muito do Homem-aranha, do homem de Neandertal, do Homem-elefante, até mesmo do bicho-homem, mas nesse mundo injusto e devasso quase nunca falam do mais humilhado dentre todos os homens, o Homem-picolé. 

O Homem-picolé é um indivíduo cuja vida, dura e fria, acabou por transformá-lo em um ser altamente anti-social. Ele até que tentou se enturmar algumas vezes, mas nunca conseguiu se sentir muito bem com o calor humano. 

O Homem-picolé é o único homem do mundo que fica feliz por sua esposa ser uma geladeira. Ele tenta de todas as formas mostrar que é um sujeito que merece respeito, mas o máximo que consegue é ser chamado de docinho. Ou pior ainda, muitas vezes é chamado de frutinha, uvinha, ou coisas ainda mais degradantes. 

O Homem-picolé sabe bem o que é ser embrulhado pelos outros. Muitas vezes ele somente encontra o descanso de seus males escondido dentro de um isopor. 

O Homem-picolé é um caso sério de complexo de inferioridade, mas quem não seria se tivesse que passar a vida toda com um palito no traseiro. 

O Homem-picolé é, antes de tudo, um sobrevivente. Raramente atinge seu prazo de validade. Quase sempre termina seus dias nas mãos de um boca-aberta, que certamente lhe tirará o suco. 

A vida do Homem-picolé realmente é um grande abacaxi, é azeda como um limão e esfiapada como uma manga. E quem acha que é mole ser um picolé de morango que atire a primeira laranja. 

Pobre homem-picolé, em suma (ou em sumo) ele é mesmo um grande pé frio.

Manutenção


Depois de tanto tempo sem postar, vamos retomar as atividades do blog, estávamos muito ocupados e não tínhamos tempo para dedicar ao blog e escreve aqueles textos que vocês gostam.

então é isso, a partir de hoje o blog Apenas um Qualquer retoma suas atividades, desde já agradeço.
 
▲ Topo