SAUDADE: QUE BICHO É ESSE?



Acho que a saudade é mesmo um bicho, um bichinho preguiçoso que vai se instalando na gente e acompanha-nos a vida toda e vez por outra dá uma picadinha... Às vezes pequena, às vezes grande e às vezes maior ainda que dá vontade de matar essa danada.

Detalhe: Um bicho não catalogado. Não tem como descrevê-la, como traduzi-la, como reproduzi-la, cada um repassa para a sua saudade o seu jeito e então existem muitas saudades, e cada um tem uma saudade que vai ter várias performances, de acordo com o humor dela.

Tem a saudade pacífica que é aquela que vem gostosa e deixa uma gratidão por algo que passou e ainda pode voltar, aquela de um flash de dois minutos atrás, ou mesmo de uma lembrança boa de um bom momento, essa pode até fazer rir, sua picada é quase como uma cosquinha.


Tem a saudade trambiqueira que é aquela que surge quando você acha que superou um momento ou uma pessoa e ela vem no vento trazendo o cheiro ou o gosto ou a cor que trazem toda aquela dor de volta. Essa danada tem uma picada sutil, que você sente um pouco depois a dor, pois de início ela é meio que anestésica.

Tem a saudade arrebate que é de quando você tá bem tranquila na varanda da sua casa e do nada um pensamento te transporta a algo que você tenha deixado de lado e você corre em busca daquele algo como se o fôlego fosse acabar a qualquer momento. Esta saudade tem uma picada com transtorno de humor que ora cura e ora mata, depende do momento em que você levanta da cadeira e corre em busca do objetivo, pois algumas vezes o despertar vem tarde demais.

Tem a saudade arretada que você não consegue sair do lugar, pois não adianta, mas ela fica ali, judiando, te fazendo lembrar momentos, paisagens, retratos e tudo ao redor teletransporta ao objeto de saudade, ela é danada! A picada dessa saudade fica torturando e até parece que é no juízo.

E por fim, a saudade matadeira, essa é braba, valente que só... E muito ágil também, não tem quem consiga vencê-la, imbatível a danada! Cuidado, a picada dela é venenosa e pode até mesmo ser fatal, pois há quem não resista a uma saudade dessa.

A saudade pode ser proveniente de muitos sentimentos, o amor é o mais comum, pois pode produzir qualquer uma destas saudades, ou todas elas de uma vez só. Essa tal saudade pode ser gerada pela distância de alguns minutos, horas, dias, semanas, meses e até anos, pode ser de algo que nunca existiu, ou mesmo de algo que poderia ter existido, pode ser de algo/alguém que se foi e vai voltar, entendendo esse se foi até a esquina de casa comprar pão ou até o outro lado do continente; e por outro lado pode ser de algo que existiu, foi intenso e nunca mais vai se repetir, por escolha de um ou outro ou pela escolha do destino mesmo, e pode ser até mesmo desavisada, simplesmente se foi sem sequer preparar o coração para as saudades que poderiam vir a ser e acabam sendo doloridamente, eitah negócio complicado essa tal de SAUDADE!

Por isso mesmo a saudade é sem tradução e não foi catalogada ainda... Apenas sabemos que ela pica, que dói, pode doer tudo ou pode doer quase nada, no entanto, como cada pessoa cria a saudade a seu próprio modo dependendo de suas histórias de vida, torna-se impossível dizer como ela é, como se manifesta ou criar-se uma vacina de prevenção.


Ah, ia esquecendo! Tem a falsa saudade, como existe falsa coral (cobra) também tem falsa saudade, e é fácil detectá-la porque esta não dói, e você pode percebê-la no dia-a-dia quando por mero costume a pessoa te cumprimenta: "oi fulano, que saudade, quanto tempo!".

P.S.: E tem uma saudade peculiar minha, de uma calça laranja, uma blusa do pânico, uma fanta uva, um abraço gigante e um amigo único. Essa vez por outra aperta o coração de tanto que dói e tanto que se alarga cada dia que passa. A picada dela é contínua. (Caros leitores, não se preocupem em entender, embora a curiosidade supere qualquer esclarecimento, há quem entenda ;)

Xero e Xau!

SER FLAMENGUISTA



Ser Flamenguista é um negócio muito sério... Né pra qualquer um não viu?

Tem que ter muita paciência, ser a maior torcida do mundo e ainda ter de aturar a segunda maior torcida que inclui todos os rivais. Não é fácil!

Não é fácil fazer parte da maior torcida porque como toda grande família, tem de tudo, tem o filho pródigo que é encontrado com travecos e que não conclui a parábola, ficando mais para um filho traíra do que pródigo, tem maconheiro, macumbeiro, flanelinha, assassino (noooooossa, como tem flanelinha, acho até que o Flamengo é o patrocinador oficial dos flanelinhas, é a farda mais comum), mas também tem estudante de Psicologia, então, nada mal! (risos) tem artista, pô... Tem empresário também, médico... Mas a galerinha do mal insiste em só apontar o que tá feio não é verdade? Não importa! Quando junta todo mundo no Maracanã para assistir um clássico não se vê nada disso, apenas um manto rubro negro forte e alegre que canta em coro ritmado e apaixonado "Tu és time de tradição, raça, amor e paixão: Ó MEU MENGO!"

Enfim, restabelecendo o objetivo inicial, é muito complicado! Em meus 22 anos de consciência rubro-negra posso afirmar com toda certeza, por esperar 17 anos entre uma conquista e outra do brasileirão, segurar o coração em cada final do cariocão, quase sempre disputada nos pênaltis e quase sempre com o eterno vasquinho. Guardo na memória ainda, aquela final da Copa do Brasil, onde o Flamengo invicto perde a final por 2x0 para o Santo André (que time é esse?) - quem é flamenguista vai lembrar... Ou mesmo as fortes emoções de quando tínhamos plena convicção de que Ronaldo viria para o Flamengo e ele acabou indo para o Corinthians.

Não é fácil mesmo! Até porque, mesmo no sumiço de Eliza Samúdio, o caso não ficou registrado como CASO ELISA, como foi o CASO ELOÁ, CASO ISABELLA NARDONI, CASO MÉRCIA, e por aí vai. Ficou conhecido como caso Bruno né? Bonito para o goleiro do Flamengo. ¬¬'

Falam por aí de Adriano Imperador que não é um bom exemplo, ou do Vagner Love, bastante suspeito e já visto com traficantes armados, falam também do goleiro assassino... E do Zico ninguém lembra? E de tantos outros que consagraram-se no Flamengo, que, como costumo dizer, acabou virando escolinha de craques, visto que é uma passagem de jogadores direto para o exterior?


Porém, diante de tantos impasses, nada nem ninguém pode apagar grandes e boas memórias como o clássico Flamengo x Santos pelo Campeonato Brasileiro 2011, não preciso nem dá mais detalhes, ou mesmo das vitórias consagradas nos campeonatos cariocas. Que flamenguista não se emocionou com a saída do grande Júlio César (goleiro)?

É indubitável que é um time de tirar o fôlego, sempre falado, comentado, seja por bem ou por mal, sempre lembrado! É uma referência, uma paixão mesmo que inversa... Não imagino o mundo sem o Flamengo, ou mesmo o futebol, ou aqueles programas de comentários que adoraaaam dá a velha cutucada, sai pra lá bando de carniça, tudinho tem medo da urubuzada, porque quando ela avança é SHOW na certa!


Sou eternamente suspeita de falar, porque dizem que o amor cega né? Porém deixa minha vista num alcance ímpar na bola rolando na telinha, de preferência com aquela ansiedade, pois como costumo dizer: eu gosto é de jogo difícil e desacreditado, com o juiz mais anti-flamenguista do mundo pra dá aquela emoção e gostinho de vitória...

E eu penso que, falando por mim, não sei os outros, quando o coração acelera em uma finalização, o xingamento vem na boca quando o juiz vacila, e a vontade de quebrar a televisão invade quando o David erra uma jogada daquela é porque a raça rubro-negra tá mais do que impregnada, ao ponto de uma simples camisa listrada em vermelho e preto se torne a vestimenta ideal para todas as ocasiões. Porque no fundo, no fundo todo mundo tem alguma coisa pra dizer quando passa diante do manto sagrado.

Xero e Xau!
 
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