Histórias que se ouve por aí.

Certo dia estava eu indo até as lojas americanas com o propósito de comprar algums DVDs Virgens para fazer backup de arquivos do meu PC. porém cheguei cedo demais (mais na verdade acho mesmo é que essa loja abre tarde demais, para uma cidade com mais de 900 mil habitantes... 8 (oito) horas da manhã é hora de pique!
Enfim, enquanto esperava 20 minutos para a loja abrir, puxei conversa com um sujeito que estava sentado na parada de ônibus em frente à loja, ele me parecia abatido, porémnem um pouco preoculpado.
Pedi para que me contasse sua história a qual dei o nome de:

CONFISSÃO DE UM ESTAGIÁRIO.

Aviso: O texto a seguir pode conter palavras não muito adequadas para menores de 15 anos, leia com responsabilidade pois ele foi escrito o mais fiel possível à história contada pelo narrador, ou seja, o homen sentado na parada de ônibus.

Fui demitido. Justa causa.

Como estagiário, aprendi milhões de coisas e fui muito bem sucedido nas minhas funções. Juro que não entendo o porquê de me demitirem…
Eu tinha várias funções que fazia com excelência, entre elas:

1. Tirar xerox. 3.1 segundos por página.

2. Passar café.

3. Comprar cigarro e pão. 1 minuto e 27 segundos. Ida e volta.

4. Fazer jogos na Mega-Sena, Dupla-Sena, Lotofácil, Loteria Esportiva…

Eu era muito bom. Mesmo. Fazia tudo certinho, até que peguei uma certa confiança com o pessoal e resolvi fazer uma brincadeirinha inocente.

É impressionante o nível de stress em um ambiente de trabalho. Quis dar uma amenizada na galera, deixar o povo feliz e fui recompensado com uma bela de uma demissão por justa causa. Puta sacanagem!

Vou contar toda minha rotina desse dia catastrófico.
Era segunda-feira, 05 de dezembro, quando cheguei ao trabalho.

Nesse dia, passei na padaria no meio do caminho. Demonstrando muita proatividade, comprei pão e 3 Marlboro. Já queria ter na mão sem nem mesmo me pedirem. Quando abri a agência (sim, me deixam com a chave porque o pessoal só começa a chegar lá pelas 11h), já vi uma montanha de folhas para eu xerocar na minha mesa. Xeroquei tudo, fiz café e deixei tudo nos trinques (minha mãe que usa essa gíria rs).

Como tinha saído um pouco mais cedo no outro dia, deixaram um recado na minha mesa: “pegar o resultado da mega-sena na lotérica”.
Como tinha adiantado tudo, fui buscar o resultado. No meio do caminho, tive a ideia mais genial da minha vida e, consequentemente, a mais estúpida.

Peguei o resultado do jogo: 01/12/14/16/37/45. E o que fiz?

Malandro que sou, peguei uns trocados e fiz uma aposta igual a essa. Joguei nos mesmos números, porque, na minha cabeça claro, minha brilhante ideia renderia boas risadas. Levei os 2 papeizinhos (o resultado do sorteio e minha aposta) para a agência novamente.

Ainda ninguém tinha dado as caras. Como sabia onde o pessoal guardava os papeis das apostas, coloquei o jogo que fiz no meio do bolinho e deixei o papel do resultado à parte.

O pessoal foi chegando e quase ninguém deu bola pros jogos. Da minha mesa, eu ficava observando tudo, até que um cara, o Daniel, começou a conferir. Como eu realmente queria deixar o cara feliz, coloquei a aposta que fiz naquele dia por último do bolinho, que deveria ter umas 40 apostas.

Coitado, a cada volante que ele passava, eu notava a cara de desolação dele. Foi quando ele chegou ao último papel. Já quase dormindo em cima do papel, vi ele riscando 1, 2, 3, 4, 5, 6 números. Ele deu um pulo e conferiu de novo.
Esfregou os olhos e conferiu de novo, hahahaha. Tava ridículo, mas eu tava me divertindo. Deu um toque no cara do lado, o Rogério, pra conferir também.
Ele olhou, conferiu e gritou:

-”PUTA QUE PARRRRRRRRIUUUUUUUUUU, TAMO RICO, PORRA”.

Subiu na mesa, abaixou as calças e começou a fazer girocóptero com o pau.
Óbvio que isso gerou um burburinho em toda a agência e todo mundo veio ver o que estava acontecendo.

Uns 20 caras faziam esse esquema de apostar conjuntamente. 8 deles, logo que souberam, não hesitaram: correram para o chefe e mandaram ele tomar bem no olho do cu e enfiar todas as planilhas do Excel na buceta da arrombada da mulher dele.

No meu canto, eu ria que nem um filho da puta. Todos parabenizando os ganhadores (leia-se: falsidade reinando, quero um pouco do seu dinheiro), com uns correndo pelados pela agência e outros sendo levados pela ambulância para o hospital devido às fortes dores no coração que sentiram com a notícia.

Como eu não conseguia parar de rir, uma vaquinha veio perguntar do que eu ria tanto. Eu disse:

-”Puta merda, esse jogo que ele conferiu eu fiz hoje de manhã.
A vaca me fuzilou com os olhos e gritou que nem uma putalouca:

-”PAREEEEEEEEEEM TUDO, ESSE JOGO FOI UMA MENTIRA.UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO DO ESTAGIÁÁÁÁÁÁÁRIO”

Todos realmente pararam olhando pra ela. Alguns com cara de “quê?” e outros com cara de “ela tá brincando”. O cara que tava no bilhete na mão, cujo nome desconheço, olhou o papel e viu que a data do jogo era de 27/03. O silêncio tava absurdo e só eu continuava rindo. Ele só disse bem baixo:

- É…é de hoje.

Nesse momento, parei de rir, porque as expressões de felicidade mudaram para expressões de ‘vou te matar’. Corri… corri tanto que nem quando eu estive com a maior caganeira do mundo eu consegui chegar tão rápido ao banheiro. Me tranquei por lá ao som de “estagiário filho da puta”, “vou te matar” e “vou comer teu cu aqui mesmo”. Essa última foi do peladão !

Eu realmente tinha conseguido o feito de deixar aquelas pessoas com corações vazios, cheios de nada, se sentirem feliz uma vez na vida.

Deveriam me dar uma medalha por eu conseguir aquele feito inédito.
Mas não… só tentaram me linchar e colocaram um carimbo gigante na minha carteira de trabalho de demissão por justa causa.

Belos companheiros!
Pelo menos levei mais 8 neguinho comigo !

Quem manda serem mal educados com o chefe.
Eu não tive culpa alguma na demissão deles.
Pena que agora eles me juraram de morte… agora tô rindo de nervoso.

Falei aqui em casa que fui demitido por corte de verba (consegui justificar dizendo que mandaram mais 8 embora, rs) e que as ligações que tenho recebido são meus amigos da faculdade passando trote.

Eu supero isso vivão e vivendo, tenho certeza.
e descobri com isso que não se pode brincar em serviço mesmo…

FÁBULAS ALUCINADAS

O Patinho Horrendo

Nasceu então o patinho. E todas as aves aquáticas palmípedes lamelirrostras da região (pertencentes na maioria à família dos Anatídeos, especialmente as de grande porte) foram visitar a jovem mamãe e seu mais novo rebento, na intenção de perfazer todas aquelas manifestações culturais relativas aos acontecimentos memoráveis que todas as aves educadas e sedentas por bons conceitos na sociedade devem conhecer profundamente e exercitar com maestria (mesmo quando por motivos fúteis e a contragosto).

Mas o que ninguém esperava era encontrar, em vez de um belo e delicado patinho recém nascido do ovo, um estranho, desengonçado, desajustado, incongruente e desproporcional (entre muitas outras qualidades medonhas) ser que lhes ofuscava a vista e fazia seus estômagos borbulharem em clorídrica acidez.

O silêncio foi constrangedor por intermináveis segundos.

- Que patinho horrendo! - Cochichou Dona Patanha no ouvido de sua amiga de fofocas, Dona Gancilda.

Falando como louca (coisa que era lhe bastante fácil, visto ser realmente louca) igualmente cochichou:
- De fato, amiga Patanha, mas lembre-se de que se há males que vem para o bem, há males que vêm para o mal. E se é mesmo assim, há coisas boas que vem para o bem, e, por pura lógica aristotélica, há coisas boas que vêm para o mal. E isso me parece muito mau... muito mau... muito mau... muito mau.

E assim, muito mal recebido, foi o pobre patinho horrendo. Obviamente não foi agredido, sobretudo nos torturantes momentos daquela desalentadora apresentação, onde todos simularam, com grandiosa alegria, intensa simpatia pela nova cria que se unia à comunidade dos animais, mas não houve um único dia na vida do malfadado patinho em que não sentiu a profunda rejeição em absolutamente tudo o que fazia ou dizia.

Seus primeiros dias de vida se mostraram um desafio às suas habilidades naturais. O patinho horrendo, cujo nome de batismo seria Felix Patrasco, caso tivessem tido coragem de batizá-lo, possuía uma voz tão dissonante, disforme, pouco acústica, enervante, agônica e molesta, que seus estrídulos eram ouvidos a muitos e muitos trotes de distância. Mais ou menos a distância mínima que todos queriam manter dele. E nesse estado psicológico lamentável vivia Félix nesse mundo.

Era de costume em seus solitários dias ver sua mãe e seus irmãos nadando no lago. Sempre se sentia compelido a juntar-se a eles. Obviamente jamais levava aquele impulso a cabo, visto não saber nadar. Sim, Felix Patrasco não sabia nadar. Muito pior até, Félix Patrasco não possuía a menor idéia de como nadar. Olhava para os demais seres no lago e assombrava-se com tais demonstrações de flutuabilidade e com a sua aparente incompetência natatória.

Sua vida tornava-se cada dia mais angustiante. Não suportava mais aqueles olhares irônicos, os cochichos debochados dos demais patinhos e todos aqueles requintes de crueldade com que a sociedade patal costuma tratar os indivíduos que estão fora do padrão socialmente aceito.

Irou-se.

Depenou-se metaforicamente de inconformismo e, em sua encrudelecida mente, indignou-se furiosamente com aquela situação patológica:

- Patota de cretinos! - resmungou - Eles me pagam! Hei de ser o melhor pato que já nadou nessa porcaria de lago!

E nesse propósito, enlouquecido de asco, atirou-se na água a patinhar.

Afundou como uma pedra...com extrema dificuldade ergue a cabeça para fora da água; olhos arregalados, bico aberto de pavor, submerge novamente...calma no lago...algumas ondas e somente as patas são visíveis para fora, patas frenéticas...outro mergulho...segundos de silêncio...esguichos de água, asas batendo em visceral desespero, um corpo se contorce, cabeça, asas, pés e tronco se revezam em infernal balé, como se rolassem ribanceira abaixo e por fim afundam...

Todos vendo a dantesca cena exclamam assustados:

- Santo Donald! O patinho se afogou!!!

O reverente silêncio se instaurou entre os bichos, mesmo entre os que o detestavam, que eram a absoluta maioria. Agora não era mais hora de denegrir a imagem do feioso pato. Agora não, nesse momento a solidariedade era a melhor reação, e então gritavam:

- Pobre patinho! Que coisa terrível aconteceu com nosso amigo!

Nesse momento, com um último fôlego, o horrendo patinho põe o biquinho para fora d'água e grita:

- QUERO MAIS É QUE VOCÊS VIREM PATÊ, SEU BANDO DE...blug...glub...

E afunda.



Moral: Filhotinhos de urubu não sabem nadar.

A História de Apenas um Qualquer. Capitulo I

O Nascimento

Certo dia eu nasci. Tão memorável evento não me consta na memória, embora relatos de testemunhas da época confirmem a versão. Vejo-me obrigado a crer na veracidade das histórias, caso contrário haveria uma enorme probabilidade de que minha pessoa não fosse existente, fato esse que me seria de extremo desprazer.

Ainda segundo os relatos, eu vim a este mundo no mês de janeiro do ano de 1986. Era quase meia-noite do dia 26 e todos acreditavam que o nascimento ocorreria na tarde do dia 27. Contrariando as expectativas - habilidade na qual me tornaria um mestre - provei da atmosfera desse planeta pela primeira vez às 23h30min do dia 26. Ao que parece, não me agradei muito do oxigênio, pois chorei por algumas horas consecutivas. Nasci com 4.390g e medindo 53cm, o que me colocou na posição de maior bebê da maternidade naquela noite inolvidável.

Tudo indica que devo ter sido um bebê de pulmões extremamente fortes, sendo esses superados em sua força somente pela minha força de vontade em chorar. Devo ter sido ainda um bebê promovedor de uma grande realização pessoal para meus pais, visto que eles não se cansam de afirmar que se eu tivesse sido o primeiro filho, teria sido o último, pois um de mim já era o bastante para cabeça de qualquer um.
Meu primeiro ano foi muito estranho, mas isso fica para o próximo capítulo...

Perigo nas Esquinas! O.O

Observando o fluxo de veículos de uma rua próxima à minha casa, cheguei à conclusão de que o pior problema do nosso trânsito urbano encontra-se nas esquinas. Não somente encontra-se lá, como são elas mesmas o problema. Uma esquina é, como o nome diz, um canto, e todos sabem que coisas ruins acontecem nos cantos.
Uma prova disso é que ninguém quer ficar lá.

É comum, quando nos sentimos ameaçados e acuados, dizermos:
- Fiquei preso num cantinho!
Ou quando somos desprezados dizermos:
- Me jogaram para um canto!

Por esse motivo, fica evidente que enquanto houver esquinas em nossas cidades nosso tráfego será caótico.
E o pior não é isso. Como se já não bastasse a ruindade emanante de um único canto, quando duas ruas se cruzam, quatro cantos se encontram e se potencializam: encontramo-nos em uma encruzilhada!
Quando chegamos nesse estágio, a incerteza é nosso destino.

A duas únicas alternativas que vejo para esse terrível tormento são: a total aceitação da situação - juntamente com todos os desastres decorrentes - ou a total eliminação das esquinas.
Em ambos os casos, ficamos em um beco sem saída.



Comentários de primeira necessidade: 


Quero agradecer a todos os que deixaram seus tão impulsionadores comentários neste blog, aos que o visitam somente para se distrair um pouco e também àqueles que entram aqui enganados e que saem correndo (eu não os culpo). 
Desejo que saibam que dou atenção especial aos seus comentários e que, por isso, atenderei aos seus pedidos recheados de emoção sobre saber mais a respeito da minha pessoa e da minha existência nesse planeta. 
Contudo, como apenas um qualquer, sou perfeccionista. Como tal, não seria suficiente para minha cabeça dizer meus dados pessoais e características físicas. Dessa forma, não vejo outra opção a não ser contar a história da minha vida em episódios, sempre que possível, diários. 
O relato se chamará "A história de Apenas um Qualquer", e deverá ter seu primeiro capítulo disponível à visualização no fim-de-semana próximo. (Espero conseguir terminá-lo ate amanhã ou domingo) 
Aqueles que sobreviverem verão. Espero ardorosamente que todos sobrevivam.


Obrigado! ^^

Vitória vs Derrota

O que é vitória e o que é derrota?
Que ilusões e belos truques a vida aplica!
Não é matéria que vai preencher o vazio afinal de contas...

Deixo a solidão ilusória pela real para viver e ser aquilo que todos esperavam de mim.
Hoje, não sou nada além da vontade dos outros. Cheio de matérias, e aparências.
Agora estão todos felizes!!! Olham-me com olhos orgulhosos
Aceitei por fim, vencido, viver o personagem que todos esperavam que eu assumisse já há tanto tempo.

Bom, já que estão todos felizes, talvez seja melhor assim mesmo. Quem sabe a felicidade que eu tinha de ser eu mesmo não era uma ilusão. Quem sabe tudo é! O que é real afinal?

Junto com meu personagem veio a força, e junto dela veio a frieza.

Estou fortalecido sim, porém essa é a única coisa real que podem perceber em mim.
E agora reclamo à noite pela vida que eu lamentava em viver. Olho fotos e sinto saudades de mim mesmo. Como era tolo em não perceber...

Gostaria poder voltar a chorar. Voltar a chorar e ser amado com toda a fragilidade e sensibilidade que costumava ter. Ser amado exatamente como eu... "era". Com meus defeitos e virtudes.

Alguém pode quebrar esse bloco de gelo sem quebrar o coração que o habita?

Bacharelado em Ciência da Computação

Estava eu a pensar um pouco sobre os meus estudos e minha Faculdade, e, observando meus companheiros de sala (vejo aula em duas salas) concluí que:

Os jovens saem do Ensino Médio, enlouquecem fazendo cursinhos pra passar no vestibular e entram num curso universitário sem saber o que isso significa.

Em primeiro lugar observo que o curso de Ciência da Computação hoje é o que o esteriótipo afirma: é um curso de viciados em jogos. Até aí tudo bem, cada um faz o que bem entende nos seus momentos de lazer.

O problema é que acredito que isso colaborou para virar um reduto de usuários de computador, pessoas que leram “Computação” no nome e pensaram: Eu gosto de mexer no computador, acho que este é o meu curso.

Vejo que os adolescentes que hoje entram em Ciência da Computação desprezam a matemática e não vêem sentido em provar as propriedades básicas dos números em disciplinas como Álgebra. Ouvi esses dias na minha sala de aula: Se nós já sabemos que funciona, pra que provar? São pessoas que entram num bacharelado sem vontade de estudar teoria.

A realidade que percebo, é decepcionante. E em muitas universidades o curso está mudando de cara pra satisfazer estes estudantes e não o contrário, como deveria ser. O IME-USP ainda tem um curso excelente, mas advinhe o que os alunos aprendem na primeira matéria do curso (chamada de Introdução à Computação)? Java e programação orientada a objetos. Eles aprendem classes e métodos antes de aprenderem operadores lógicos e laços.

Estou no curso errado? Prefiro pensar que não. Porque a definição está ao meu lado. Às vezes penso que o nome do meu curso deveria mudar, para não pegar desavisados que não procuram o que é antes de entrar. Deveria ser algo como Bacharelado em Ciência dos Algoritmos, Bacharelado em Matemática Discreta... não sei. Mas é claro que tudo isso seria besteira. Na verdade quem precisa mudar são as pessoas. Tanto as que entram no curso, quanto as pessoas em geral, que pedem favores pra cientistas da computação pensando que eles são técnicos de informática. Elas precisam pesquisar o que é o curso antes de entrar nele, precisam saber que Ciência da Computação é um ramo da matemática que existe desde muito antes da criação dos computadores digitais.

Acredito que todos que são capazes de passar na carreira da Poli na Fuvest são capazes de ler o primeiro parágrafo do texto da Wikipedia em português sobre Ciência da computação, que diz:

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"Ciência da computação é o estudo dos algoritmos e suas aplicações, bem como das estruturas matemáticas indispensáveis à formulação precisa dos conceitos fundamentais da teoria da computabilidade e da computação aplicada. Desempenha por isso um papel importante na área de ciência da computação a formalização matemática de algoritmos, como forma de representar problemas decidíveis, i.e., os que são suscetíveis de redução a operações elementares básicas, capazes de serem reproduzidas através de um qualquer dispositivo mecânico/eletrônico capaz de armazenar e manipular dados. Um destes dispositivos é o computador digital, de uso generalizado, nos dias de hoje, pelo custo reduzido dos componentes eletrônicos que formam o seu hardware."

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Bom, é apenas um desabafo. Espero que ninguém se ofenda, e preciso torcer fortemente pra isso mesmo porque é certo que os ofendíveis são maioria. Pois ando percebendo que estou fora de moda. Revolto-me quando ouço um professor uspeano elogiar o Java, alegando ser uma linguagem moderna e maravilhosa porque aceita acentos nos nomes das funções enquanto o C é antiquado (Se vc nunca foi na USP basta procurar por videos a respeito). Abandono a sala ao ouvir que hoje em dia classes são mais importantes do que laços e nomear corretamente funções é mais importante do que conhecer algoritmos.

Sem dúvidas o problema sou eu, que serei talvez um dos últimos Bacharéis em Ciência da Computação que se importa em saber implementar uma estrutura de dados, afinal (sic) se o Java já tem um heap implementado para que reinventar a roda?

Talvez eu seja um dos últimos a lembrar e valorizar o trabalho de verdadeiros cientistas da computação como Edsger Wybe Dijkstra, que certa vez disse:

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"Ciência da Computação está tão relacionada aos computadores quanto a Astronomia aos telescópios, Biologia aos microscópios, ou Química aos tubos de ensaio. A Ciência não estuda ferramentas. Ela estuda como nós as utilizamos, e o que descobrimos com elas."
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Declaro-me a favor de um curso de Ciência da Computação onde os computadores sejam tratados apenas como ferramentas. Há outros cursos para quem não pensa assim e entra na universidade buscando uma formação sobre desenvolvimento ágil e produtividade. Não estou criticando quem busca isto. Porém, na minha opinião, estes definitivamente não deveriam entrar num curso chamado Bacharelado em Ciência da Computação.

FÁBULAS ALUCINADAS

João Da Caatinga E O Pé De Feijão (Uma versão Da Antiga Fábula, que, se não tinha nexo, muito menos o tem agora)

Na infância, em algum lugar tórrido do sertão nordestino, João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, bisneto de Pedro, o lavrador (a assim ad infinitum), era uma criança muito curiosa. Analisava as potencialidades de todas as coisas que suas desmioladas mãozinhas conseguiam alcançar.

(É interessante ressaltar aqui que, todas as mãos são, de fato, desmioladas, sendo que essa expressão foi usada com o único objetivo de esclarecer que as pequenas mãos de João estavam coladas a um corpo cujo cérebro não parecia funcionar da maneira mais adequada. Mesmo porque ter miolos nas mãos deve ser algo bastante desagradável, principalmente no frio ou quando o indivíduo acidentalmente martelar um dedo.)


Feito esse E.E.E.(Esclarecimento Espantosamente Esclarecedor) voltemos à fábula novamente, ainda mais se considerarmos que o custo atual de produção de uma fábula é uma fábula


Certo dia, então, João, o futuro lavrador, vislumbrou em cima da estante de Cícero, o lavrador,seu velho pai, um saquinho de couro amarrado com um laço vermelho. Imediatamente o misterioso receptáculo tornou-se objeto de desejo do infante delinqüente.

No saquinho encontravam-se quatro grãos de feijão mágico importados da china por uma ninharia e trocados pela cabra da família.

Cícero, o lavrador, pai de João, o futuro lavrador, queria seguir os passos de seu pai, Lourival, o lavrador (que seguiu, por sua vez, os passos de Pedro, o lavrador, bisavô de João, o futuro lavrador), e incrementar a roça da família, de modo que João, o futuro lavrador, pudesse passar para seu filho, "seja qual fosse o nome dele", o lavrador, colheitas mais fartas, podendo inclusive vender o excedente na feira pública do miserável lugarejo, dando, enfim, sentido ao título de "lavradores", que a família a tanto usava, mas que na prática não praticava, embora na teoria, teorizasse.

Assim, em sua rural lógica, a cada ano, a desventura deles diminuiria, e, quem sabe, um dia eles poderiam parar de comer sopa de calango e passar a comer suculentas buchadas de bode.

Mas dona Maria, mãe do então pequeno João, o futuro lavrador, esposa de Cícero, o lavrador, nora de Lourival, o lavrador, ao saber da bizarra troca, enfureceu-se. E do alto de seu metro e meio esbravejou:

- Ô, Seu fio di um bódi! Cabra safado! Cê trocô nossa cabrinha por esses punhado di feijão perebento! I agora como é que vâmo dá di cumê pros nosso doze fio, seu cabra safado? Mas cê é mesmo um jegue, Cíço!

Cícero, o lavrador, filho de Lourival, o lavrador, pai do João, o futuro lavrador, somente escutava e meditava na provável besteira que havia feito.

Enquanto isso, João, o futuro lavrador, aproveitando-se da bagunça que se instaurou, subiu sorrateiramente a instável e rústica estante e, esticando-se ao máximo, alcançou o saquinho dos feijões.

Desceu dali como uma cabra montanhesa, abriu a pequena bolsa de couro e imediatamente passou a brincar no chão com os quatro feijões.

Um, no ato, ele arrebentou com uma queixada de jumento. Outro ele tocou pela janela, sendo imediatamente devorado por um urubu (em tempos de crise urubu come até feijão mágico).

O terceiro foi salvo por Cícero, o lavrador, filho de Lourival, o lavrador, em cima da hora, pois João, o futuro lavrador, já se preparava para engoli-lo.

Cícero ainda procurou pelo quarto feijão mágico em toda a casa (coisa que não foi difícil, já que era minúscula), sem sucesso.

- Óh, xente! I agora, meu Padimpadiciço? Joãozinho estropiô com os feijão! Sobro só unzinho!!! ¿ Descabelava-se Cícero, o lavrador, filho de Lourival, o lavrador, neto de Pedro, o lavrador, e pai de João, o futuro lavrador e atual peso morto e meliante da casa.

Dona Maria, esposa de Cícero, o lavrador, nora de Lourival, o lavrador, e mãe de João, o futuro lavrador, aproveitou a cena para descer ainda mais a lenha na cabeça de seu marido.

Após muito ouvir, mas ainda esperançoso, pegou o único feijão que lhe restara e o plantou no seco solo, regando-o de esperança, porque água não havia mesmo.

Obviamente não nasceu, pois, segundo o manual internacional de plantio de feijões mágicos, publicado pela editora Vadirretro e distribuído fabulosamente bem (o qual Cícero, o lavrador, filho de Lourival, o lavrador, neto de Pedro, o lavrador, e pai de João, o futuro lavrador, obviamente não leu, já que era genealogicamente analfabeto), tais leguminosas encantadas precisam de muita umidade para germinar, coisa que foi devastadora para a família, já que ficaram sem os feijões e sem a cabra. Tais acontecimentos foram quase tão malignos, nefastos e perniciosos quanto os políticos da região.

Todavia, como tudo se ajeita quando nada se rejeita, bastou Cícero, o lavrador, mandar quatro irmãos de João, o futuro lavrador, para que trabalhassem quebrando pedras para o explorador de trabalho infantil mais próximo que a situação voltou para como estava antes, bem ruim, porém sobrevivível.

Mas os anos passaram, e João, o futuro lavrador, tornara-se enfim João, o lavrador, dono de seu próprio pedacinho de terra seca, em outro canto daquele interminável despovoado.

Sua roça, miserável como foram as de seus ancestrais, agora ao menos era sua. Certamente isso pouco significava naquela terra ressequida, mas João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, e bisneto de Pedro, o lavrador, era dono de uma esperança sem limites e de uma teimosia forte como a das mulas.

E tão louca era sua teimosia, e tão ilimitada era sua esperança, que todos os dias ele aguardava pela chuva, redentora chuva que iria lavar seu solo e sua alma e lhe remiria dos anos de sofrimento e penúria.

É bem verdade que João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, e bisneto de Pedro, o lavrador, somente havia visto a chuva uma vez em sua vida, alguns meses antes de Cícero, o lavrador, seu pai, ter adquirido os feijões mágicos, que tão diligentemente seriam destruídos alguns minutos depois.

De lá para cá (ou de cá para lá, já que o efetivo tempo é o mesmo de trás para frente ou de frente para trás) João, o lavrador, somente via água no poço (e de vez em quando, pois estava quase sempre seco) e em uma fotinho de calendário, que ele costumava pendurar em um prego enferrujado preso nas rachaduras da parede de barro. Era nessa foto que João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lorival, o lavrador, bisneto de Pedro, o lavrador, fixava seu olhar sonhando com aquele mundo d'água que certamente viria a cair um dia.

E um dia, finalmente, a chuva veio. E veio muito maior do que todas as que costumavam povoar os loucos sonhos de João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, e bisneto de Pedro, o lavrador. Choveu tanto e por tanto tempo que o sertão quase virou mar e o mar quase virou sertão. E João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, bisneto de Pedro, o lavrador, pulava de felicidade e se atirava em cada poça que encontrava pela frente.

E por dias foi somente o que João, o lavrador, fez. Quando por fim a chuva parou, o céu abriu e o sol novamente brilhou, todas aquelas sementes que João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, havia esperançosamente semeado por fim brotaram, e a alegria novamente habitou no seu nordestino coração. E quando a noite por fim chegou, João, o lavrador, leve como uma criança, adormeceu.

Porém João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, bisneto de Pedro, o lavrador, não sabia que o último e desaparecido feijão mágico não havia sido efetivamente perdido. Ah, isso não. João, o lavrador, havia, isso sim, o enfiado no ouvido. Sim, no ouvido. E tão fundo havia João, o lavrador, o enfiado no referido orifício que ali permaneceu por todo esse tempo, hibernando.

A secura do lugar impediu que o feijão mágico germinasse, e esse ficou inerte até que a chuva e os banhos nas poças que João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, e bisneto de Pedro, o lavrador, tomou despertaram o fabuloso grão.

E naquela noite, enquanto João, o lavrador, dormia tranqüilamente, o mágico vegetal brotou de seu ouvido, serpenteou por seu corpo, chegou ao chão e se enraizou.

Continuou então crescendo noite adentro, erguendo João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, bisneto de Pedro, o lavrador, até às nuvens.

Quando amanheceu, João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, e bisneto de Pedro, o lavrador, de tão atado, mal conseguia se mover. Pegou sua peixeira com o restinho de liberdade que sobrou em sua mão direita e, ainda sem entender o que acontecia, cortou os ramos que o seguravam e arrancou o resto do pé de feijão de sua cabeça, voltando a ouvir estereofonicamente (João, o lavrador, sempre pensou ser surdo daquele ouvido, coisa que pouco lhe importava até então, visto sempre ter sido muito cabeça dura e nunca ter dado ouvidos a ninguém).

Quando se viu livre, pôs-se a olhar ao redor, tentando compreender sua situação. Olhou para baixo, viu sua minúscula propriedade e um enorme pé de feijão que subia até às nuvens. Olhou para frente e, vendo um descomunal castelo sobre as nuvens, disse:

- Ai, meu Padimpadiciço! Eu num divia tê cumido toda aquela panela di macaxera antis di durmi.

Apesar do medo, e sem entender direito como tudo aquilo estava acontecendo, João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, e bisneto de Pedro, o lavrador, resolveu dar uma olhada dentro do castelo e averiguar se realmente existiam gigantes e galinhas que botavam ovos de ouro, conforme se lembrava das histórias que sua mãe, Dona Maria, esposa de Cícero, o lavrador, nora de Lourival, o lavrador, havia lhe contado na infância. Enquanto se dirigia para a entrada, ficou um tanto perturbado com a situação na qual se encontrava:

- Vixe! Tô pisando nas nuvi e num caio? Cumé qui pódi isso? Isso não pódi não!

E, nesse mesmo instante, João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, e bisneto de Pedro, o lavrador, despencou lá de cima feito uma pedra e só não se estatelou no chão porque na queda se agarrou nas patas de um carcará que voava mais abaixo e ambos caíram num pequeno açude que havia se formado com a chuva. E, embora tenha se machucado muito, conseguiu se arrastar para fora d'água. E ali na margem se deitou.

Ficou ali por horas, fitando a nuvem na qual havia estado e, por fim, emendou:

- Por que diacho eu mi arrebentei aquimbáxo i aquela pesti di castelo inda tá lá dipendurado?

Alguns instantes depois, João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, e bisneto de Pedro, o lavrador, foi soterrado por milhares de toneladas de pedra.



Moral: Se a fé pode mover montanhas, então a dúvida pode fazê-las desabar sobre sua cabeça.


Obs: Com o tempo pode-se até esquecer dessa fábula (o que não seria nada ruim), mas com certeza não se esquecerá da árvore genealógica de João, o lavrador, filho de Cícero, o lavrador, neto de Lourival, o lavrador, bisneto de Pedro, o lavrador, e por aí vai Caatinga afora (ou adentro, sei lá).

O blogspot.com e Eu...

O Blogspot.com, essa entidade indefinida, novamente me tolhe os movimentos (como se eu não soubesse muito bem fazer isso sozinho). Agora ele (ou ela, sei lá) não me permite mais fazer nem sequer um miserável up-load(*) de um miserável arquivo do tipo "html" para dentro do miserável espaço que me corresponde para que em meu miserável blog possa aparecer meu novo e miserável endereço de e-mail na miserável forma que escolhi para que ele aparecesse em seus míseros detalhes.

Por que tanta miserabilidade? Não me passa nas idéias há quanto tempo tão miserável instrução foi miseravelmente decretada, mas é de longe que já não consigo mais fazer míseros up-loads dos meus miseráveis arquivos de som, o que deixa mais miserável meu intento de me comunicar.

Que povo digno de comiseração. Quando entrei aqui neste espaço, me foi dado poder sobre as criaturas que aqui habitavam e para cada uma um nome escolhi, e dos frutos dessa terra, em minha inocência, provei.

Mas agora, o mesmo indivíduo que o paraíso me ofereceu, o quer de volta. Não pedi para estar aqui, praticamente me vi obrigado a escrever nesse espaço. Fui compelido pela força avassaladora das promessas dessa terra onde vertia leite e mel.

Mas o leite acabou, as vacas morreram, e de mel só consigo um pouco após muitas picadas.

Vejo-me comprimido em dez megabites de um espaço que outrora me foi infinito. Vejo-me obrigado a restringir meus passos a lugares pré-determinados, escolhidos por alguém que ninguém sabe quem é, e que eu gostaria de acreditar que fosse somente mais uma alucinação.

Por que? Por que tanta arbitrariedade?

Será porque, no momento em que entrei aqui eu, escolhi "eu aceito os termos deste contrato", sabendo que a qualquer momento eles poderiam fazer qualquer coisa que emanasse de suas prodigiosas cabeças? Será porque eu escolhi construir minha casa e estabelecer meu lar na cratera de um vulcão adormecido?

Sim, é isso!

Então tá! Nada como uma boa, lógica, e definitiva explicação para nos revigorar o espírito e nos devolver a paz.

Legenda da Imágem:
"Eu estou de muito mau humor, então é melhor ninguém mexer comigo hoje, rapaz!!"



(*) Só Para constar, Forão necessários 45 (quarenta e cinco) minutos só para conseguir fazer upload da imágem acima. O.o

Em busca de um Norte

Esses dias me disseram que eu deveria ser menos alucinado, que eu deveria definir um norte em minha existência, pois eu andava muito desnorteado nesses últimos todos os anos de minha vida.

Pensei profundamente nessa questão e cheguei à conclusão de que talvez encontrar um norte não fosse tão má idéia. Pode ser até uma não tão boa idéia, o que semanticamente dá na mesma.

Pus-me então imediatamente em busca de uma bússola. Encontraria meu norte nem que tivesse que percorrer todos os pontos cardeais e colaterais, nem que tivesse que subir na montanha mais alta ou descer ao mais profundo dos abismos. Sinceramente, eu esperava encontrar minha bússola em algum estabelecimento próximo de minha casa, de preferência bem próximo, pois já era tarde e eu não queria perder meu programa favorito, "O incrível mundo do vácuo absoluto" (1) .

Para a minha infelicidade, eu não sabia por onde começar, então, a princípio, não comecei, coisa que pouco depois tratei de não continuar (2). Perguntei então a várias pessoas que passavam na rua onde eu poderia comprar uma bússola. A absoluta maioria nem sequer parou, alguns pararam, olharam-me com cara de "louco" e foram embora sem responder à minha questão.

Ficou-me evidente que a maioria das pessoas não nutre grande afeição pela educação e pela cortesia, mas não deixei que tal carência de valores sociais me impedisse de atingir meu orientado objetivo.

Muito tempo depois consegui obter uma resposta de uma educada velhinha, que não perdeu a oportunidade de me contar suas histórias de quando foi bandeirante em sua juventude. Ouvi. Afinal, o que eram duas horas e quarenta e sete minutos para quem não teve um norte em toda a sua vida?

Como já era quase meia-noite, resolvi ir para casa dormir. Pela manhã sairia novamente em busca de minha bússola. Lamentei mesmo foi ter perdido "O incrível mundo do vácuo absoluto".

Pela manhã saí em direção ao sul, eu acho (3), em busca do meu norte. Havia recebido da encantadora velhinha a informação de que poderia encontrar minha bússola em qualquer Joalheria de qualquer shopping center.

Tal informação me deixou bastante admirado pois quem, eu me perguntei, quem poderia imaginar que se vende outras coisas a não ser Jóias, nas Joalherias? Eu imaginaria! - Eu me auto-respondi a mim mesmo de forma clara e definitiva - Pois de outra forma, somente venderiam drogas nas drogarias, bombons nas bombonières e tintas nas tinturarias.

Achei plausível. Dirigi-me ao primeiro shopping center que encontrei e à primeira Joalheria que lá dentro descobri. Havia finalmente encontrado o esconderijo das bússolas. Após a euforia inicial (4), novamente a descrença e desânimo se abateram em minha mente. Em cima de uma estante de vidro, em meio a dezenas de outros objetos em busca de um dono, havia uma dúzia de bússolas, desde as pequenas e tímidas, até as grandes e cheias de penduricalhos.

Entretanto, o que me desiludiu foi o fato de que cada uma apontava para uma direção diferente. Não havia entre aquelas bússolas sequer duas que concordassem em seus instintos magnéticos.

Pobres bússolas, nem mesmo elas tinham um norte. Lamentável.

Lembrei-me então de uma das histórias da velha bandeirante, na qual ela havia se perdido em uma floresta lá nos Estados Unidos em um desses encontros internacionais de bandeirantes. Disse-me ela que descobriu o caminho de volta simplesmente vendo onde os musgos cresciam, eles se acumulam sempre no lado norte das árvores. Pelo menos por lá, já que por aqui parece-me que há musgos por todos os lados das árvores, o que me faz crer que nem nossos musgos têm seu norte.

A desolação sobreveio. Sentei-me em um banco da praça e fiquei ali, olhando para o chão, sentindo pena de mim mesmo e me torturando com pensamentos de baixa auto-estima por ter falhado em minha tão importante missão.

Não aguentei mais a pressão e gritei:
- Macacos me mordam, pelas barbas do profetas e por todas as outras interjeições de espanto e indignação, onde raios fica o norte?????????

Nisso, um mendigo que estava deitado no banco ao lado, olhou para mim e com uma cara de quem falava a coisa mais óbvia do mundo disse:
- Como? Você não sabe? Nunca viu um livro de geografia? Todo mundo sabe que o norte é para cima!

Olhei para cima e "tóim", caí em mim. Procurei a resposta em todos os lugares e ela estava ali, do meu lado, toda esfarrapada em cima de um banco de praça. Meu norte era o céu, as nuvens, a luz do dia, enfim, a liberdade de olhar para outro lugar que não fosse o chão. Simplesmente o que eu já sabia e havia esquecido quando disseram que não era bom o suficiente. Esqueci meu norte enquanto tentava encontrar o norte dos outros.

Voltei para a casa, olhando para as nuvens pintadas de pôr-do-sol e assisti, mais feliz do que nunca, a sete episódios consecutivos de "O incrível mundo do vácuo absoluto".


Lição da história (lição sim, pois quem sou eu para ficar aqui ensinando moral para os outros): Nunca subestime a sabedoria que há em uma máquina de refrigerantes quando ela lhe diz: "Insira a cédula com a face para cima".


(1) Aparentemente ninguém mais, além de mim, conhece esse programa, o que me faz presumir que ele é somente uma alucinação fruto de minha imaginação. Pensando bem, ele pode também ser somente uma imaginação fruto de minha alucinação. Mas o que realmente interessa é que é muito bom e começa religiosamente lá pelas vinte e uma horas em ponto, mais ou menos.

(2) Tratei de não continuar a não começar, ou seja, descontinuar o não-começamento daquilo que eu deveria deixar de descomeçar.

(3) Digo "eu acho", porque se tivesse certeza de que era o sul, saberia com igual certeza onde ficava o norte, do outro lado, como qualquer criança da quarta série do ensino fundamental muito bem sabe (e como eu viria a descobrir muitos anos após a quarta série do ensino fundamental). Restaria somenta a dúvida de onde ficava o leste e o oeste, mas parece que esses pontos cardeais não se comparam ao norte quando se fala em promover a felicidade humana na Terra.

(4) Coisa que tratei de controlar devidamente com a minha medicação.

O Porquê Da Questão

Sempre que me vejo em situação de extraordinária dúvida e aflitiva curiosidade, não posso evitar me perguntar o porquê disso tudo e o porquê dessas coisas todas (nem sempre nessa ordem, mas sempre com igual intensidade).

Todavia, quase nunca me pergunto, já que na hora "H", quando a cruciante questão se apodera de minha mente, eu nunca sei onde, quando e como usar esses porquês. Porque, como você já deve ter ficado em dúvida e se recordado também, existe uma família inteira de porquês, todos eles felizes e saltitantes como aqueles cachorrinhos que as madames costumam arrastar pelas ruas, doidos para receberem atenção de seres que quase nunca sabem como dá-la corretamente.

E aí eu me incluiria até as galochas, caso eu as usasse.

Os porquês são todos parecidos, mas cada um vem assim, cheio de significados, cheio de mistérios, que só aquele povo bem letrado e de boa memória sabe desvendar e se lembrar sempre e em profundidade. Eu até desconfio que foram eles mesmos que criaram esses bichinhos somente para nos aturdir e nos lançar em gramatical desespero. Mas o importante é não entrar em pânico, já que certamente irão me perguntar o porquê do desalento, e de porquês eu já estou cheio.

É de boa prática então não se deixar levar pelas aparências dos porquês na hora de se aproximar de um deles. Porque os porquês podem ser muito cruéis com quem os emprega sem atenção - são péssimos empregados -, principalmente quando você está fazendo um concurso público, um vestibular ou qualquer um desses testes projetados para fazer com que nos sintamos ignorantes e ineptos.

Os porquês colaboram ativamente com o sistema de ignorância pública (nossa mais sólida instituição brasileira).

E quando vejo tudo isso só me resta dizer... por que?...ããh... ou será porquê?...talvez porque?... ou por quê?

Bem, tanto faz. Desisti de saber o porquê desses porquês. De agora em diante vou tentar usar somente um "por qual razão?".

E que ninguém me pergunte por que, pois não quero nem fazer a menor idéia.





Atenção: O produtor desse blog garante que nenhum dos porquês aqui utilizados foi vítima de maus-tratos de qualquer tipo. Por quê? Também não sabemos, pois que eles merecem, merecem.

Também não me responsabilizo pelo mau uso desses porquês neste local, tenham sido eles empregados como substantivos, conjunções subordinativas causais, conjunções subordinativas finais, conjunções coordenativas explicativas ou de qualquer outra forma que você porventura - ou desventura - venha a encontrar nesse texto.

O Pior Dos Enganos (Quase tão ruim quanto marcar a letra errada na folha de respostas para uma questão que você SABIA a resposta)

As coisas nesse mundo passam a uma velocidade estonteante. E essas coisas geralmente são representantes daquela espécie de coisas que depois que passam não costumam passar novamente. São coisas daquele tipo de coisas que passam por você correndo e logo em seguida mostram a língua, dizendo: "Dançou, meu chapa! Hehehe". Que coisa.

É bem verdade que algumas coisas que passaram costumam passar de novo, tais como novelas antigas no "Vale a pena ver de novo" ou um filme passado e repassado na "Sessão de tarde".

[Aqui abro breves colchetes - ultimamente tenho evitado abrir breves parênteses -, pois a nostalgia me pega pelo braço, me sacode com moderada violência e me pergunta: Você se lembra das tardes legais assistindo a "Sessão da tarde"?... Sim, é claro, - eu respondo à indócil nostalgia - como eu poderia esquecer logo da "Sessão da tarde"?... Porém, faz tanto tempo que não assisto que nem sei mais se ainda existe ou não. E por falar nisso, eu gostava muito quando passava a "Fantástica Fábrica de Chocolate", ou "Guerra nas Estrelas", ou "O enigma da pirâmide", ou tantos outros ous que nem me lembro mais.]

Porém, outras coisas, talvez grande parte delas, passam e nunca mais voltam. Nunca mais!

[Novamente abro breves colchetes para que você pense bem no termo "Nunca Mais", medite no seu conceito e reflita na infinitude de sua duração e no impacto que isso causaria na sua limitada e relampejante existência. Só não pense muito que a gente não tem muito tempo e tempo é dinheiro. E por falar nisso, aceito doações de tempo.]

E como algumas coisas nunca mais voltam, é no mínimo pouco esperto deixar que passem e nos mostrem a língua. É óbvio, ou não, que não quero dizer com isso que devemos viver desesperados para pegar todas as coisas que aparecem pela nossa frente. Só digo que certas coisas se perdem simplesmente por que ficamos parados, observando.

É como um carrossel enlouquecido no qual devemos entrar. Não sabemos quem o fez, quem já está andando lá, ou quando começou com seus furiosos rodopios, mas sim, temos que entrar. Não importa que sua velocidade venha a nos atirar por sobre os cavalos e quebrar os nossos ossos, não importa se o giro alucinado nos queira arremessar pela tangente e nos espatifar contra os muros, nada disso importa. A única coisa que importa é não ficarmos lá parados, catatônicos, mentecaptamente hipnotizados, olhando as coisas passarem, nos mostrando a língua (detesto quando elas fazem isso), enquanto o inflexível bicho-papão chamado eternidade vem nos perguntar o que fizemos com o pouco tempo que nos deu.

É de dar medo. Felizmente detesto carrosséis e não acredito em bicho-papão

FÁBULAS ALUCINADAS

O homem que queria um Nobel

Dia desses Amadeu(*) acordou com uma vontade desesperada de ganhar um prêmio Nobel. Assim, bem simples.

Podia ser um de física, talvez química, quem sabe literatura, e até (e por que não?) de medicina! "Afinal, as doenças estão aí para serem curadas!" - pensava ele. Mas a verdade é que Amadeu se contentava até com um Nobelzinho de economia, daqueles que todos esqueceriam mais tarde.

E deste modo, com uma disposição hercúlea para o trabalho, acordou com o pé esquerdo(*) e se pôs a encontrar um assunto no qual pudesse se envolver completamente. Começou pensando em desenvolver uma teoriazinha bem básica, uma que unificasse todas as teorias físicas existentes, uma "teoria da unificação universal".

"Acho que esse trabalho vai me consumir algumas horas" - pensou Amadeu - "Mas como eu não tenho muita coisa pra fazer nessa semana, e como sete dias bem trabalhados podem render um mundo, vou começar agora".

Ao final do quarto dia ele já estava conseguindo se lembrar direitinho como é que se faziam as quatro operações. Ficou-lhe evidente que aquilo não seria o bastante para descobrir os segredos do universo. Resolveu então abandonar suas teorias físicas revolucionárias e partir para algo mais palpável. Debruçou-se violentamente sobre o estudo da biologia, e tamanha foi a violência de seu debruçamento que acabou pegando no sono quase instantaneamente.

Tornou-se óbvio que descobrir uma vacina que acabasse com todas as doenças não seria uma tarefa para alguns dias. "Provavelmente eu gastarei semanas" - pensou.

Amadeu trabalhou por algumas horas e terminou convencido que se tivesse conseguido decifrar aquele livro de biologia da sexta série nada o teria impedido de ir a cabo com seu desígnio.

Resolveu, depois de muito pensar por uns dois ou três segundos, que ganharia um prêmio Nobel de literatura. Rapou sua caderneta de poupança e comprou o computador mais rápido que encontrou na loja de informática. Amadeu não queria que nada, nem aquele computador velhíssimo de dois anos que ele costumava usar, atrapalhasse o processo criativo de seu primeiro best-seller. Processo criativo que ele nem mesmo sabia o que significava e best-seller que ele não fazia a menor idéia de como começar, já que não gostava de ler, pois achava que "esses livros tem muitas letrinhas que a gente tem que ler para conseguir entender o livro que é cheio de letrinhas e sem figurinhas pra gente ver e ajudar a entender as letrinhas que a gente tem que ler pra entender esse livro sem figurinhas pra gente ver e pra não doer a cabeça".

Dez minutos e muitas folhas amassadas depois, convenceu-se de que não estava inspirado e resolveu partir para algo mais concreto. Resolveu ganhar o Nobel de economia, e começaria ganhando dinheiro na bolsa de valores. "Primeiro vou sentir o feeling do negócio pra dar aquele plus a mais e ficar podre de rico!" - raciocinava. Desistiu quando viu que não tinha nem um tostão no bolso e que estava devendo três meses no açougue.

Já estava perdendo as esperanças, mas decidiu tentar um Nobel em química. "Quem sabe eu não invento uma Coca-Cola melhorada ou um novo tipo de eliminador de mau hálito?" - perguntava-se. E pôs em prática sua empreitada num galpão nos fundos de sua casa. Pegou todos os produtos químicos que encontrou pela frente e iniciou seu alquímico experimento:

"Duas pitadas de noz-moscada, meio litro de alcatrão, Ajax, tempero pra pizza...deixe-me ver... sal-amoníaco, farinha Láctea, fermento, duas colheres de nitrato de potássio, acetato de vinilo? Ah, vai também...Cânfora, terebintina, permanganato de potássio, mercúrio cromo...e...que mais...hã....um pouco disso, um pouco daquilo, mais um pedaço disso aqui e Voilà! Acho que está pronto!"

Amadeu bateu tudo no liquidificador e bebeu seu precioso caldo sonhando com as glórias que viriam. Quando acordou estava na UTI  se recuperando de uma intoxicação quase fatal e de queimaduras em todo o aparelho digestivo.

Algumas semanas depois, após convencer os médicos e as autoridades de que não se tratara de uma tentativa de suicídio, Amadeu recebeu alta.

Hoje Amadeu nem pensa mais nessa história de prêmio Nobel e de reconhecimento da comunidade científica. Sua nova meta é entrar para o Guinness como o ser humano que ficou mais tempo na frente de um aparelho de televisão, bebendo cerveja e sem tomar banho.

Dizem que ele anda muito desanimado com a concorrência.



(*) O nome do personágem foi inspirado no marido da irmã de minha mãe... ou seja, minha Tia!

(*) Ele realmente gostaria de ter acordado com o pé direito, mas sua cama tem o lado direito encostado na parede. Dessa forma, a única maneira dele acordar com o pé direito é fazendo um buraco no referido obstáculo e completar seu perfeito despertar no quarto do vizinho.



Moral: A maioria prefere parar num "Nobilis" a tentar um Nobel.

Lições de uma Balinha de Goma

Hoje resolvi comer balas de goma(*), coisa que me enche de satisfação e que há tempo eu não fazia. Claro que só me enche de satisfação quando o faço antes ou após as refeições, porque a velha história de que "tudo irá se misturar no estômago mesmo" não invade as minhas idéias nem me atira em gastronômica curiosidade.

Deveria também dizer que não costumo comer balas de goma após ter comido um doce mais doce do que as referidas balas. Isso porque as papilas gustativas, anestesiadas com a doçura do doce mais doce, fazem com as balas de goma tenham o mesmo gosto de rodelinhas de vela de cera. E posso dizer isso, pois já comi velas de cera.

Pois bem, estava eu mastigando e dilacerando sem misericórdia minhas balas de goma, tranqüilamente, apreciando o gosto de cada cor (foi com as balas de goma que eu descobri que as cores têm gosto, embora nem sempre combinem com os gostos das cores das gelatinas, dos chicletes e dos MM's), quando, de repente, muito de repente, numa estonteante derepência, mordi com infinita violência um objeto estranho e aparentemente sólido que parecia estar no interior de uma das minhas balas de goma.

Os músculos da minha face se contraíram de tal forma que meus olhos quase saíram pelo nariz e os cantos da minha boca quase foram se encontrar lá pela nuca. A pressão que tais músculos exerceram em minha cabeça quase me causou um traumatismo craniano, estou certo disso.

É bem verdade que mentes pouco abertas poderiam dizer que eu estou exagerando os fatos, que eu mesmo sou um indivíduo exagerado, mas eu seria capaz de ir nadando até a África e escalar o Kilimanjaro com dois garfos se isso os fizesse crer na ausência ABSOLUTA de exageros em minha pessoa.

Mas para não encompridar a história (objetivo que raramente atinjo), tratei instantaneamente, e até de forma inconsciente, de agrupar em minha mente os suspeitos de terem cometido o hediondo crime de macular o imaculável interior de minhas balas de goma.

Os primeiros suspeitos que se sucederam em minha mente foram aqueles mais óbvios, tais como: um fragmento de meteoro de Marte, um caco do muro de Berlin, uma bala da primeira guerra mundial, a falangeta do mindinho esquerdo do Papa Pio X, um parafuso da Challenger, uma cabeça humana encolhida pela tribo dos Jivaros, os encolhedores de cabeça, uma lasca da Cruz, e outras possibilidades igualmente prováveis.

Isso tudo aconteceu em 3,78 milésimos de segundo, mas foi tempo suficiente para me encher de temor pelo o que eu encontraria prensado entre meus molares. Com toda a calma que eu consegui reunir, retirei o objeto de minha boca e fitei-o por alguns segundos. Para meu espanto, descobri tratar-se tão somente de uma miserável pedra, daquelas quase redondinhas, que resistiu bravamente ao processo de fabricação da bala, e que encontrou seu fim nas mãos de uma singela balinha de goma (cheguei a conclusão que essas balas possuem muitas mãozinhas, embora microscópicas, de grande poder segurante).

Posso dizer que tirei muitas lições dessa minha obsessão. Ou ex-obsessão, já que não sou louco, embora seja louco, de continuar comendo esses pequenos demoniozinhos e acabar correndo o risco de ter meus dentes arrancados ou de sofrer coisa ainda pior, pois quem hoje lhe arranca os dentes pode muito bem querer lhe arrancar o resto da cara amanhã.

Portanto, a primeira lição que tirei deste lamentável acontecimento é que mesmo uma coisa agradável, doce, prazerosa e que custa cinqüenta centavos pode lhe custar cem reais de torturante tratamento médico.

A segunda lição que tirei é que não se pode confiar em promessas de moleza e facilidade, principalmente nas que vêm até nós, vida a fora, pelas balas de goma. Certamente alguém tão artificial, tanto no gosto quanto no aroma, sem falar na cor, não vai ter coisas boas para compartilhar em médio ou longo prazo, sobretudo se ela estiver fora do prazo.

A terceira lição que tirei é que nem tudo o que nos agride, nos causa dor e nos assusta vem necessariamente de fora. Ao contrário, na maioria das vezes o que mais nos machuca e o que mais nos faz sofrer já está lá, escondido em nós mesmos, só esperando um momento certo para sair, nos repuxar a cara e quase nos presentear com um traumatismo craniano.

E por fim, a quarta lição que eu tirei dessa história é que é mesmo muito difícil arrancar mais de três lições de uma balinha de goma.



(*) Também conhecidas como gominhas, jujubas, e por uma infinidade de outros nomes que desconheço absolutamente.

A Anatomia De Uma Desaparição

Descobri que sou um sujeito muito sujeito. Sujeito a sumiços, desvanecimentos, eclipses, evaporações, influências (internas e externas), inconformismos (e porque não incluir alguns conformismos também), e a toda a sorte de sorte e azares, sejam eles reais ou imaginários.

Pus-me a imaginar esses dias (sim, é inevitável, eu sempre imagino coisas) o que seria de mim se eu não existisse. Descobri, a princípio, que se eu não existisse, minha não permanência no mundo das coisas provavelmente faria com que eu não me importasse com a resposta dessa pergunta e, portanto, nunca a faria, mesmo que fosse possível nessas circunstâncias.

A fim de colocar um término nesse paradoxal estorvo, supus então que eu não existisse, mas, que de alguma forma, eu possuísse o mínimo de consciência para tomar consciência da falta de consciência que minha inexistência me proporcionasse.

Examinando os resultados de meu imaginário e controlado experimento pseudobiopsicosociocientífico, pude concluir que minha experiência concreta de inexistência vivida seria, antes de tudo, muito vazia, principalmente para mim. Descobri que estar ausente seria tão desmotivador que se não descobrisse uma forma de fazer algo concreto entraria em total estado de catatonia, ficando assim completamente alienado como se nem existisse, mesmo que de fato não existisse.

Sequioso por avaliar minha experiência no limite da praticidade, meditei profundamente por várias horas no objetivo de retirar qualquer traço de matéria de mim mesmo. Estava decidido a me tornar consciência pura e avaliar minha proposição inicial. Passei então a andar pelas ruas apresentando uma completa falta de influência de minha pessoa para com o mundo, deixando que os indivíduos passassem por mim como se fosse nada mais que ar.

Tristemente devo constatar que não obtive muita colaboração dos inúmeros transeuntes pelos quais passei (ou não passei), pois se embirraram todos e se concentraram em atrapalhar meu experimento, colidindo violentamente contra meu inexistente corpo, vezes arremessando-me longe, vezes sendo arremessados, numa completa, absurda e irracional falta de espírito científico. Os automóveis então, é melhor que nem se comente.

Resolvi então testar minha teoria à noite (madrugaa pra ser mias exato), quando o números de pedestres nos passeios públicos e automóveis nas ruas e avenidas diminuem drasticamente. Entendi mais tarde que a aparente vantagem de se estar sozinho e não sofrer interferências de terceiros dissipa-se rapidamente quando você percebe que sem os referidos terceiros não há experimento. Mas nesse momento já era tarde para voltar atrás. Resolvi então ir em frente. (*)

Após alguns minutos a andar pela rua deserta, observei que havia algumas pessoas em uma viela próxima. Uma chance de testar minhas proposições, pensei eu. E mais uma vez a decepção quando três meliantes fortemente armados e profundamente embrutecidos pela vida marginal que levavam, friamente ignoraram minha incorporeidade e puseram-se a me destituir de meus pertences imateriais, atirando-me com violência dentro de um container de lixo após o assalto (tah, o final do assalto não ocorreu isso, mas escrevi para dar um pouco mais de drama =x), provando definitivamente que é impossível se fazer ciência de ponta em um país de terceiro mundo.

Voltei para casa e, enquanto me recuperava de meu recente trauma urbano com uma nutritiva canja (ECA, era o que inha pra comer, e ainda estava fria a danada) e um merecido descanso em minha almofada favorita (única, por sinal), convenci-me de que jamais satisfaria a curiosidade acerca de minhas teorias enquanto houvesse tanta gente retrógrada atravancando o progresso. Apesar de tudo, não reclamo. Procuro olhar o lado positivo de todas as situações, e assim pude comprovar que, de fato, canja de galinha faz muito bem para a saúde (mesmo tendo o sabor horrível), caso você não seja a galinha, é claro.



(*) Coisa que parece pequena, o simples "ir em frente". Mas tal gesto carrega em si um grande significado e uma profunda virtude, principalmente ao se considerar que mesmo o mais virtuoso dos caranguejos só anda de lado.

Como é que se diz: eu Amo!

Faz Tanto tempo que não escrevo... Eu havia abandonado meu blog por pura falta de inspiração (é verdade, eu também andei um pouco ocupado). Mas como devo desculpas para vocês, pelo simples fato de ter sumido sem dar nenhuma satisfação...
Pensei, pensei, esperei até que veio aquela inpiração seguida de uma vontade enlouquecida de escrever algo em torno dessa inspração tão grandiosa e magnifica, que através de uma simples pergunta, me trás palavras tão bonitas e uma história de vida espetacular!
Em posts passados, pus que queria e devia encontrar significados concretos para o gento de amar e, por sso, vivo perguntando às pessoas: "Você ama seu companheiro(a)"
Espero que gostem, deixo as palavra com minha amiga:


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"Uma vez gostei muito de um menino... muito mesmo. Isso ja faz alguns anos, digamos que uns seis ou sete anos.
Ele dizia que gostava de mim... Mas de repente uma "amiga" minha começou a andar muito com ele... ela com o tempo me chegou com historinha, dizia que gostava dele. O tempo pasou, e ele me trocou por ela... quando eu soube foi pelo melhor amigo dele.
Ele falou que tnha se arrependido por ter me trocado por essa menina... simplesmente... simplesmente por ela ter um corpão, ou seja, Por pura beleza fisica!
Naquela época eu havia sido deixada de lado, e fiquei mal... mal pra caramba!
Foi Mais um menos na época que eu tinha saído do CEFET, onde eu tinha passado os melhores anos da minha vida!
Fui para a UFRN que eu odiava,  como se não bastasse, comecei a ter problemas sérios aqui em minha casa...
Eu meio que entrei em parafusos... fiquei deprimida, não comia, reprovei em umas cinco disciplinas de uma só vez poque não estudava, não falava com ninguem... Entrei numa espécie de fase Dark!
Só me vestia de preto... Falava um monte de besteiras... Acabei com meu cabelo... arrumei uns amigos que não foram lá amigos, e por ai foi...
Vivi um buraco terível por um bom tempo, até eu perceber que eu estava dando muito valor a coisas que em nada me faziam bem. Enquanto eu me odiasse daquele jeito, minha vida ia continuar sendo aquele lixo eternamente!
Mas de repente, como num estalo, eu me dei conta que também esta deixando outras pessoas tristes ao meu redor. Decidi tentar sair dessa...
Foi quando comecei a frequentar uma igreja, que eu realmente ia por prazer pois me senia bem lá.
Voltei a me vestir como antes (embora eu ainda guarde uns traços desse guarda roupas)
Decidi que nao vale a pena você gostar de ninguém, pelo menos não mais do que você gosta de si mesmo.
Me vi voltando a olhar no espelho
Eu aceitei isso de tal forma que levei minha vida desde então a raciocinar da seguinte forma:
quem estiver comigo deve me amar do jeito que eu sou! Gorda, magra, malhada, feia, bonita, mal humorada, etc... e se n gostar... procure outra pessoa. Pode chegar pra mim e dizer...
Não quero que ninguem passe comigo um tempo que não esteja disposto a pagar!
após isso. fui trocada mais algumas vezes... porém isso não me feriu mais tanto quanto antes.
Então.. quando alguem me pergunta se eu AMO meu companheiro eu digo que amo mais a mim mesma.
Seria egoísmo? Covardia?
Eu chamo de PROTEÇÃO!"

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O que eu tenho a falar a respeio te tamanha grandeza de palavras e esperiência de vida?
Acho que eu nem deveria estragar o post com palavras minhas...
Bem princesa...
Durante toda a minha vida, entendi o amor como uma espécie de escravidão consentida. É mentira: a liberdade só existe quando ele está presente. Quem se entrega totalmente, quem se sente livre, ama o máximo.
E quem ama o máximo, sente-se livre.
Por causa disso, apesar de tudo que posso viver, fazer, descobrir, nada tem sentido. Espero que este tempo passe rápido, para que eu possa voltar à busca de mim mesmo - encontrando uma mulher que me entenda, que não me faça sofrer.
Mas que bobagem é essa que estou dizendo? No amor, ninguém pode machucar ninguém; cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro por isso.
Já me senti ferido quando perdi os mulheres pelas quais me apaixonei. Hoje estou convencido de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém.
Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante do mundo, sem possuí-la.
Como você disse, não é covardia nem egoísmo... talves todos esses pensamentos (os quais são muito parecidos com os meus) posão ser sim uma espécie de proteção...
Mas nunca esqueça que nunca devemos deixar a tristeza tomar conta de nossos corações, pois, como iz Carlos Drumond de Andrade: "Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa que um dia te magou.... agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor"
Sempre...Até...Ame...Até...Sempre..Até...Ame...Até....!!!

De cara nova! e endereço também =D

Pessoal, é com muita satisfação que venho lhes apresentar o novo blog de Apenas um Qualquer!
É isso mesmo, no antigo dominio (apenasumqualquer.skyrock.com), que era um dominio 'Português', o Blog foi um sucesso, porém, o tempo passou e eu virei uma espécie de Abelha atarefada... =X

Mas, Nunca, Jamais esqueci meus leitores de Portugal nem tão pouco os leitores Brasileiros e resolvi com muita força de vontade retomar o Blog. Agora, como vocês ja perceberam, em novo domínio, somos do Blogspot dessa vez =D.

Aí você me pergunta: Porque optar pelo Blogspot? Resposta simples: Porque o Blogspot me dá mais liberdade de fazer para vocês um blog ainda mais interativo, bonito e dinâmico entre muitas outras vantágens para alguém com orçameno baixo como o meu  =X ((é por enquanto não tenho grana para pagar um host para o blog, talvez devesse até mudar o nome do blog para "Apenas um Liso Qualquer"..... hehehehe).

Desta vez para tornar o blog mais dinâmico preparo uma supresinha para vocês (com o intuito de trazer leitores de todos os tipos e gêneros para o blog, mas isso vai ficar por conta do tempo - tá mas num vai ser tanto tempo assim -). Apreciem O blog, estou aberto a cr´ticas, elogios, sugestões... afinal, sem ocês leitores um blog não tem sentido!

PS: Todas as postágens anteriores a está são postágens do antigo apenasumqualquer.skyrock.com, eu as trouxe para  novo blog porque achei importante não perderminhas memórias (mesmo que as datas das postágens abaixo não sejam datas corretas). Todas contém mtextos muit bons e aconselho todos a lêem as postágens e comenárem, foram elas quem fizeram do anigo blog o sucesso que era!

Um abraço para todos, e boa leitura!!!

Esqueço, portanto acho que existo.

Olhar para trás é um exercício precioso. Não digo somente no sentido literal, como quando suspeitamos que algum meliante nos seca com olhos predatórios. Refiro-me a um sentido menos rigoroso, como olhar para os anos passados.

Naturalmente que olhar para tais períodos deve ser feito com um objetivo certo, pois somente recordar, sem nenhuma intenção maior do que somente recordar, pode ser bastante pernicioso, principalmente quando tendências melancólicas mais profundas habitam o indivíduo rememoriante.

O grande segredo que existe nesse expediente é, então, a comparação. Sim, recordar não para se entorpecer com os momentos de triunfo ou se descabelar com o que de ruim se viveu, mas para simples e puramente pesar os dias de hoje com os de ontem e, se o resultado for negativo na escala de contínua melhoria, buscar detectar onde foi perdida a correta trilha, onde nos separamos de nosso devido destino, e tentar novamente levar nossos passos ao correto rumo, por onde todas as alegrias e as mais profundas e duradouras emoções possam novamente fluir por nossos atrofiados sentidos e onde todas as luzes dos eternos astros repousantes em nossa celeste abóbada venham nos mergulhar em um banho mágico de euforia e glória, num contínuo e inebriante pulsar de cores e sensações.

Sim, tudo com bastante lirismo mesmo, porque se não é para se buscar viver com lirismo então que nem se perca tempo, que se vá trabalhar por um dólar ao dia em uma fábrica de quinquilharias na China.

Recordo-me de um presidente brasileiro, não sei se o Figueiredo, o Sarney ou alguma outra entidade das sombras (a verdade é que a ordem das pragas não altera o impacto ambiental), que disse, em seu derradeiro momento de gerência governamental, que nós sentiríamos saudades de sua pessoa (aqui ponho a palavra "pessoa", já que procuro sempre dar esse mínimo status a qualquer ser humano, mesmo que ele faça de tudo o que é possível para desmerecê-lo). Obviamente que ri do que me pareceu somente uma presidencial demência.

Profética demência.

O estado geral das coisas realmente piorou em muitos sentidos, principalmente para quem sentiu. Para quem não sentiu provavelmente não piorou, ou, se piorou, não foi o suficiente para sentir, o que, de certa forma, foi de brutal insensibilidade, visto que a maioria sentiu. Ou não.

Mas é esse labirinto de lembranças e profecias óbvias (visto serem os profetas os próprios promovedores das desgraças da coletividade) que deveria nos servir de fundamento para futuras escolhas, tanto no nível pessoal quanto no coletivo, para que o nosso coletivo não fique muito pessoal e para que o pessoal não bagunce o nosso coletivo.

Mas de lembrança, coletivo e pessoal eu só sei que o coletivo de lembrança não está em minha memória, que a lembrança do pessoal é muito coletiva e que a memória coletiva é sempre muito pessoal. Portanto façam o favor de esquecer tudo o que eu escrevi aqui, caso não seja um pedido muito pessoal querer que essas lembranças coletivas saiam de suas memórias.

Não Procuro uma Saída

Dentre tantos novos caminhos e descobertas, talvez a que mais me cause espanto é a descoberta de mim mesmo.
Enxergo-me com outros olhos. Menos severo, mais condescendente talvez.
Foram tantos, e tão difíceis os momentos em que acreditei que não valia à pena sequer tentar.
Duvidei de mim mesmo, da minha força e capacidade.
Com o tempo, e só com ele, percebi do quanto eu seria capaz.
Do quanto fui, e anda hoje reconheço com surpresa, do quanto ainda sou.
Tenho falado tanto de sonhos e planos, e quando hoje alguém me perguntou quais eram meus planos para o futuro, não hesitei e a resposta veio antes mesmo que eu pudesse sequer articular palavras.
Meu plano maior é viver.
Nada me importa mais que ser e fazer diferença na vida daqueles a quem eu amo.
Nada.
Nem trabalho, nem dinheiro, nada.
Houve tempos em que eu queria tanto, sonhava tanto.
Coisas com as quais todo mundo já sonhou um dia.
Uma casa, um lar, um canto pra chamar de seu.
Conforto, estabilidade financeira, uma carreira, um trabalho decente que me motivasse e estimulasse a crescer sempre mais.
Um amor verdadeiro, e inteiro.
Nunca quis encontrar a "outra metade".
Sempre quis encontrar meu "outro completo".
Amar plenamente.
Sem jogos, sem dramas.
Amar simplesmente.
O sexo, a alma, o pensamento.
Hoje,eu sei, quero tanto e quero tão pouco.
Nem um pedaço de chão quero mais.
Quero sim, um pedaço de vida.
Fértil, produtiva.
Tão pouco me resta e tão pouco de fato eu tenho.
Mas é tanto e tão maior o que sinto.
E eu sei:
Não tenho medo da vida, ela é que tem medo de mim.
Não procuro uma saída.
Eu quero mesmo viver assim.

Hoje fui fazer minha inscrição pro Curso de Ciência da Computação e também é meu primeiro dia de verdade aqui em natal. foi um ótimo dia, conheci (+ ou -) o percurso que terei que pecorrer todos os desde o apartamento até o CAMPUS e do CAMPUS até o local onde irei almoçar.
estou confiante..... fui um excelente dia!

Como é triste a Incompreensão.

A cada dia que passa compreendo menos as pessoas. E a sensação que isso diariamente causa é tão desagradável que me fez, recentemente, pensar em não compreender nada, nunca mais. E tal atitude me pareceu muito compreensível, mesmo não devendo ser, já que eu queria descompreender de tudo. Dessa forma incompreensível, sabotei a mim mesmo no que prometia ser a minha mais substancial revolução interna. E tudo isso começou porque me disseram, certo dia, que nada está certo nesse mundo. Se realmente é desse modo que as coisas funcionam, ou não funcionam, até o que parece estar certo está errado, de maneira que o que parece errado e que você sabe que está errado, deve estar certo. Se não for assim, você estaria certo do erro de algo que certamente não é certo, de forma que sua certeza precisaria estar errada, mesmo estando certa. Enquanto meditava sobre isso, comia batatas fritas tremendamente gordurosas e passava mal, pois frituras não me fazem bem, o que era uma certeza minha, dessa forma, ela deveria esta errada para que nada no mundo estivesse certo e, então, a teoria se provasse. Descobri na prática que ela estava errada. Ou que eu não havia a compreendido bem. Fui ao médico e desconfortavelmente relatei meu desconforto. Posso dizer que foi uma consulta bem desconfortável, pois bastou eu dizer que comer fritura não me fazia bem que ele me sugeriu: - Então vamos a Bolila? Quem ele pensa que é para perguntar se eu quero ir a Bolila? Um agente de viagens? E quem disse que eu gostaria de ir a Bolila com ele? Quem disse que eu sei onde fica Bolila? Onde Bolila entra nessa história? Senti-me falando com um lunático, e sei bem o que digo, pois falo comigo mesmo freqüentemente. Saí de lá com azia. É bem verdade que entrei lá com azia também. Mas enfim, minha consulta foi totalmente vazia de significado. O que, de fato, não significou nada para mim. Reclamei com as pessoas sobre isso tudo, sobre essa ausência de sentido nas coisas que as pessoas teimam em me dizer, enfim, de tudo. Então me dizem que eu não deveria fazer generalizações. Como assim generalizações? Agora me acusam de autoritário? Nem soldado raso eu sou, quanto mais um general. Se ao menos eu tivesse feito o CPOR, poderiam me acusar de fazer tenentizações, o que seria mais lógico, embora fora da hierarquia de pensamento que eu estava tentando estabelecer no momento. Eu poderia dizer que estava prestes a ficar louco com tudo aquilo, caso já não fosse. Mas o que eu posso esperar de um mundo onde a coisa mais exata que existe é a matemática, e ela é cheia de números irracionais e imaginários?

Tristeza

A tristeza é algo deveras complexo e, acima de tudo, frustrante. Muitas vezes nem nós próprios conseguimos reconhecer por que razão nos encontramos tristes, mas também não conseguimos combater esse mesmo abatimento de forma alguma. Há quem prefira esconder as tristezas... há quem preferira partilhá-las, mas a verdade é que, falando sobre elas ou não, estas residem dentro de nós até que algo mude, ou num outro caso, as tristezas instalam-se no nosso interior quando algo realmente muda, radicalmente ou não.

O surgimento da tristeza ligada à mudança é muito frequente e nada fora do comum, infelizmente. É perfeitamente normal que um ser humano se sinta entristecido aquando de alguma mudança drástica ou destruição de uma rotina há muitos anos implementada.

Existem tantas formas de nos sentirmos tristes e decepcionados e tantas razões que nos colocam nesse estado, que é quase ridículo. Desgostos amorosos, a falta de algo ou de alguém, discussões, falhanço escolar ou mesmo dentro do emprego. Se reflectirmos sobre isto, rapidamente chegamos à conclusão de que existem mais coisas que nos podem derrubar psicologicamente do que coisas que nos possam elevar a um estatuto de extrema felicidade, mas há que lutar! Há que lutar para afastar todas as energias negativas do nosso caminho, para que estas não nos consumam e não nos levem a tomar decisões no calor de um mau momento. Ainda que a tristeza doa, há sempre uma saída: um amigo, um amor, um familiar, um artista que nos inspira, etc...

"A verdadeira lágrima não é a que sai dos olhos e que percorre a face, mas sim a que cai do coração e percorre a alma..."
Por isso, lutem! Lutem para que não existam lágrimas que percorram o coração de cada um...!

Porque tanto medo de levar um NÃO?

Enquanto eu navegava na internet durante este final de semana percebi a quantidade de matérias sobre “tomar um fora” que existiam, e decidi então escrever uma que mudasse o foco totalmente, pra valer.

As pessoas fazem de um simples “não” o pior momento, ou de um “acabou” o fim do mundo. Não é tudo tão ruim quanto parece. Se a tristeza veio ao cair da tarde, a felicidade vem quando o sol voltar a nascer.

O amor da vida é a grande procura das pessoas até hoje, e essa procura não começou apenas na semana passada. Desde o tempo das cavernas que o homem procura seu par perfeito. Mas tudo mudou. Hoje temos muitos fatores que influenciam o encontro com aquela pessoa, principalmente as baladas do sábado a noite, onde você fica com gente que nem se dá ao trabalho de conhecer, e muito menos perde tempo pegando o telefone.

E quando não é esse o problema, tudo se resume ao medo. Medo de um “não” ou de um “tenho namorado”, que é um “não” só que muito mais educado e gentil. As pessoas têm medo da rejeição sempre e em qualquer ocasião, seja quando estão à procura do par ou de quando já tem esse par e tudo acaba indo por água abaixo.

Quando tudo acaba então, aí que as coisas complicam! As pessoas choram, se descabelam toda e acham que vão morrer. Mal sabem elas que a semana vem e passa, e como o bom ditado popular diz: a fila anda!

Já dizia o nosso grande poeta Cazuza: “A solidão é pretensão de quem fica escondido fazendo fita”...

A solidão é sim uma opção. Sentir medo não é opcional, mas tentar se livrar dele é. A principal forma de aprender a lidar com seus medos é encará-los. Se você namora e ela termina porque precisa de um tempo, encare com frieza e finja estar tudo bem. Saiba respeitar o espaço do outro, ao invés de agarrar aos pés dela e pedi-la para ficar. O amor próprio nessas horas é mais do que fundamental, ele é basicamente necessário.

O que é para ser nosso ninguém tira. E sempre existirá um chinelo velho para o seu pé cansado, então para que correr contra o tempo?

Todos os dias, milhões de pessoas choram por um amor perdido, e outras milhões dão imensos sorrisos por aí, por causa de um novo amor. O seu amor hoje pode ser o amor de outra pessoa amanhã, e se um dia ele voltar a ser seu, é porque era pra ser. Levar um fora, convenhamos, não é o fim do mundo. Assim como o chifre, o fora não foge à regra: quem nunca teve ou tomou, terá ou tomará um dia (amém!).

Não peço para as pessoas que lêem as minhas matérias para acreditarem em destino, porém o que custa acreditar que existem pessoas afins no mundo? Não acredito no acaso, mas na certeza de que uma hora tudo que é nosso será nosso e ponto final.

- Chance, é essa a palavra. Dê chances para você mesmo perceber que a princesa de ontem, é a bruxa de hoje e que a princesa de hoje pode ser o final feliz do seu conto de fadas amanhã, se realmente valer a pena.

Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Amores Enrolados

Não sei se já falei isso no blog alguma vez, mas segundo meus amigos eu sou uma pessoa que procura problemas.. De todas as gurias que apareçeram pra mim até hoje, eu só fui atrás das problematicas e dos rolos. Até agora eu não entendi bem o porque disso, mas tudo bem.. Acho que deve ter algo a ver com esses anos todos de lavagem cerebral com filmes de em que tudo da certo no final pra quem tem um amor complicado.. Afinal de contas, gostar de alguem "normal".. não tem graça.

Amar pessoas que não lhe amam é fazer mal a vc mesmo e isso tenho provado durrante toda minha vida, nunca tive sorte com o amor, nunquinha mesmo. acho realmente que o problema sou eu.

estava apaixonado por uma menina, mas ela é comprometida. dai uma pessoa a quem tenho um grande sentimento adormecido a muito tempo apareceu na minha vida de uma forma muito espontânea, estou catatônico ate agora, essa reaparição me fez perceber que n amo o suficiente a pessoa comprometida mas sim essa. porém o desttino me reserva apenas mais um amor não correspondido com essa pessoa. nunca nem em um milhão de anos eu terei uma oportunidade de tê-la do meu lado. a unica coisa que poderrei fazer mais uma vez é guardá-la no coração denovo, hoje, amanhã e sempre ....... =S

Preciso ressuscitar.

Preciso ressuscitar.

"Afinal, é tão fácil abalar uma história. Quebrar uma linha de pensamento. Arruinar um fragmento de sonho conduzido com cuidado como se fosse uma peça de porcelana. Embarcar, viajar junto... é a coisa mais difícil de se fazer." (Arundhati Roy, "O Deus das Pequenas Coisas")

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Ontem eu estava triste. Triste de não ter mais jeito, assim achando que iria me desfazer de dor mesmo.
De repente me dei conta que precisava de uma voz humana. Qualquer pessoa que já tivesse morrido, assim como eu estava morrendo pra me dizer que iria passar.
Pensei, olhei, chorei um pouco mais e foi aí que me veio ela.
Com tudo o que eu precisava ouvir. E tudo o que eu precisava ouvir era: "Não morre Alex, acredita em mim, a gente não morre". Pronto.
Não que eu tenha acreditado assim de cara, não. Mas ouvi, e me confortou demais. Ainda fiquei com um pouco de dúvida, achei que hoje eu não existiria mais, assim como se um fogo tivesse me queimado e iria amanhecer cinzas no meu lugar.
Mas não morri.
Talvez tivesse morrido, sem perceber, caso não tomasse nenhuma atitude. Porque se morremos, morremos de inércia e não de atitude.
Morre-se então, de ficar tanto tempo na mesma posição, morre-se de caimbra. Não morremos se nos movimentarmos, não morremos se tentarmos, não morremos se não desistirmos.
Acho que é isso. Só morremos quando desistimos, não do outro, não do trabalho, não há problema em desistir de projeto algum. Mas morremos em vida, se desistirmos de nós mesmos.
Do contrário há a ilusão da morte. Desistir de um relacionamento, de um projeto, causa dor. Nos arrancam repentinamente o chão, secam subitamente o sangue que corria no nosso corpo, e dói. Dói tanto que vivemos a ilusão da morte.
Mas enquanto não desistirmos de nós, do que somos, do que acreditamos, do que está aqui arraigado em mim como raízes à terra...Enquanto isso não acontecer eu ainda posso ressuscitar. Acordar gente, achando que está sol, sentindo calor em maio, ou qualquer coisa assim...
Não sei bem...

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preconceitos que sofrem os góticos...

As pessoas tem medo e geram pré conceitos daquilo que não conhecem. O visual sombrio, poesias fúnebres, músicas melancólicas, tudo isso gera desconforto a pessoas acostumadas com futilidades alegres repassadas pela mídia. É muito mais fácil manter a plebe iludida e alienada com falsas alegrias de carnavais e copas do mundo do que apresentar as mazelas da vida.
Não, não afirmo que tudo deve ser focado ao que é triste e ruim no mundo, mas deve haver um equilíbrio. Todas as facetas, boas e ruins, tristes e alegres, devem ser encaradas pelo ser humano com a mesma naturalidade.

De qualquer forma, as pessoas geralmente vêem nos góticos o mal. E fazem isso por associação aquilo que elas já conhecem... e o que é isso? O arquétipo comum em filmes e livros do personagem "do mal", que principalmente nas histórias fantasiosas, possuem um visual sombrio muito semelhante ao adotado pelos góticos. Isso obviamente é uma grande bobagem, uma vez que os góticos são pacíficos e não costumam desejar o mal a ninguém.

Rituais satânicos, pactos de sangue, sacrifícios, bruxarias, tudo isso e mais um pouco costuma ser erroneamente associado aos góticos no imaginário das pessoas.
Muito comum também é confundir góticos com metaleiros, punks, emos, e as mais diversas tribos, achando que trata-se de uma coisa só

Procrastinação é como masturbação.

Há tempos estou para escrever um texto sobre o ato de procrastinar. Mas se há uma coisa que a gente não costuma adiar é o hábito de postergar, enrolar, deixar certas tarefas para o dia seguinte. Outro dia mesmo, ao pensar sobre o assunto, acabei tuitando uma frase que sintetiza bem essa história: "Procrastinação é como masturbação. No começo é bom, mas depois vc percebe que só está fodendo a si mesmo".

Tenho mais de quinze posts rascunhados. Por que não os finalizo e os publico duma vez? Um pouco por causa do perfeccionismo antiprodutivo que faz com que eu nunca fique satisfeito com certos textos, um tanto por conta das atribuições mais urgentes do dia a dia; sem esquecer da parcela substancial de culpa a ser imputada à síndrome de DDA que faz com que eu me distraia acompanhando o Orkut ou navegando aleatoriamente pela rede, ocupando-me com afazeres geralmente mais prazerosos e/ou descompromissados.

E assim, acabo por parafrasear na vida real aqueles versos de Fernando Pessoa: "Ai que prazer/ não cumprir um dever./ Ter um livro para ler/ e não o fazer!". Ah, procrastinação, minha velha companheira que me torna displicente e pontualmente atrasado para quaisquer deadlines que necessito cumprir; o que fazer com você? Enquanto esse impasse permanece, sei que preciso marcar uma reunião com meus amigos a fim de, enfim, criarmos o Clube dos Procrastinadores Anônimos. Amanhã a gente vê isso. =S
 
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