FÁBULAS ALUCINADAS

Apenas um Qualquer no País Das Falcatruas

Era uma vez um reino onde, mesmo não sendo o da Dinamarca, havia algo de podre. E o rei vivia tão preocupado com a decadente situação de seu reino, que buscou uma solução em todos os lugares onde sua imaginação alcançou. Mas a cada dia o povo ficava mais e mais corrupto.

Enquanto a corrupção residia somente na corte, pensou o rei, a vida era boa e muito sobrava para que os nobres repartissem os frutos da terra entre eles. Agora que a plebe os imitava e a desonestidade encontrava-se enraizada desde o maior até o menor, o sistema não mais funcionava, a pobreza era enorme, e se locupletar não era mais possível.
Acreditava o rei que algo deveria ser feito imediatamente para que o povo retornasse à sua decência e a nobreza à sua opulência. Somente com bons exemplos de retidão de caráter, imaginou ele, o povo iria lembrar-se da honra e da honestidade novamente. A questão era: onde encontrar alguém que pudesse proporcionar bons exemplos?

Há décadas que ninguém mais ouvira falar de virtudes, e a tentativa de as encontrar seria considerada uma missão impossível por qualquer ser minimamente racional. Onde encontrar um ser humano íntegro naquela terra corrompida? Existiria ainda tal alma vivente? Quem seria lunático o suficiente para se arriscar a sair pelo mundo em busca desse quimérico sonho? O rei, entendendo a situação, convocou o único ser na corte que aceitaria a impraticável incumbência sem questionamentos: Sir Apenas um Qualquer.

E Sir Apenas um Qualquer, o errante cavaleiro das causas alucinadas, errou por todas as terras do reino à procura do salvador moral de sua nação. Ele errou pelo norte, e errou pelo sul, errou a leste e errou a oeste. E por que não dizer, errou também a sudoeste, e a nordeste, e errou a noroeste e a sudeste. A bem da verdade, não ouve direção da rosa dos ventos por onde não houvesse errado Sir Apenas um Qualquer.
Por fim, cansado de tanto errar, Sir Apenas um Qualquer pôs-se por um minuto a meditar:
- Macacos me mordam! Certamente não existe tal criatura! Eu provei isso! Não houve homem, mulher ou criança nessa terra depravada que não tentou aproveitar-se da situação para lucrar. Somente as crianças muito pequenas não tentaram nenhuma cafajestice. Certamente tentarão mais tarde, quando crescerem e observarem seus pais e irmãos.

Abatido e sem perspectivas de completar sua missão, Sir Apenas um Qualquer pôs-se em retorno ao castelo. Não havia alternativa senão dar as más novas ao rei. Pelo caminho, foi observando mais atentamente as pessoas e se espantando com o medo que seus semelhantes pareciam possuir uns dos outros. Todos se julgavam incrivelmente espertos, mas todos viviam incrivelmente mal. Hoje Fulano enganava Beltrano, amanhã Beltrano enganaria Cicrano, e depois de amanhã Cicrano enganaria Fulano, e nesse círculo interminável de falsas espertezas, os indivíduos acabavam por perder o pouco que tinham, e a cada dia tornavam-se mais infelizes.
Durante alguns dias do ano, entretinham-se com uma festa chamada "valcarna", onde todos dançavam, cantavam, pulavam, bebiam e praticavam todos os mais desesperados atos carnais na inútil tentativa de se esquivarem de suas aflições diárias.

Mas Sir Apenas um Qualquer, que não entendia nada disso, estava triste simplesmente por não ter achado o remediador das aflições de seu povo. Sabia que o rei ficaria imensamente decepcionado, mas não havia nada a ser feito senão lamentar.
Ao chegar no castelo, notou Sir Apenas um Qualquer que as bandeiras estendidas nos postes não eram as de seu país, tampouco as pessoas que estavam no castelo eram suas conhecidas. Sir Apenas um Qualquer havia ficado fora por tanto tempo em sua enlouquecida cruzada que não percebera que profundas mudanças haviam sido operadas.
Os nobres, prevendo o caos iminente e tentando salvar os seus obesos traseiros, venderam o que sobrou de sua pátria aos ambiciosos reinos estrangeiros e, munidos com suas fortunas dessa forma adquiridas, partiram para viver suas vidas em outras nações mais evoluídas.

Sir Apenas um Qualquer, o atordoado cavaleiro que não sabia manter sua boca fechada, foi levado ao manicômio do estado sob alegação de sofrer de delírios psico-sociais, e passou seus dias a desenhar e a pintar (o que não considerou de todo o mal).
Ao povo coube continuar na miséria, na violência e no desespero, obedecendo aos seus novos dirigentes (que não mudaram muito em relação aos anteriores). E assim viveram por sei lá eu quanto tempo mais.

REDAÇÕES ALUCINADAS

O Mundo 

O mundo é um dos lugares mais mundanos que existe. No começo ele era quente e feio como o inferno, embora, teoricamente, ainda não existisse inferno por falta de moradores. Apesar disso, o mundo tem sido um lugar muito habitável faz alguns bilhões de anos.

À medida em que o nosso planeta foi esfriando, a vida, eufórica com as novas possibilidades, mergulhou de cabeça para dentro dos mares, mesmo que ainda nem cabeça possuísse. A princípio, ainda sulfuroso, o mar nunca estava para peixe, sendo que uma boa pescaria só estaria disponível dentro de muitas centenas de milhões de anos. O máximo que se poderia tirar dali era alguns seres unicelulares, que certamente proporcionariam um desafio para se colocar em uma grelha.

Mais tarde, quando as criaturas já existiam em grande quantidade, elas costumavam viver até serem mortas por outras criaturas ou por causas naturais, o que sempre foi muito natural. Mas quando um cometa vinha e colidia com a terra, ou quando algum outro cataclismo se cataclismava, as espécies que sobravam decidiam dar uma evoluída e se adaptar às novas condições. Ou morrer tentando.

Os dinossauros, seres de pensamento muito pré-histórico, não resistiram às pressões dos novos tempos e foram morar dentro das pedras, como comprovam os seus ossos. Mas quando enfim chegamos neste mundo, nossa espécie o fez sem muito alarde, agarrados em algum galho de árvore, catando piolhos uns dos outros. Com o tempo deixamos as árvores e fomos morar em cavernas, que por melhores que fossem sempre eram bastante cavernosas.

Dentro dessas cavernas nossos antepassados mal-encarados pintavam as criaturas que habitavam o mundo daquela época da forma como eles as viam. É bem possível que nossos ancestrais fossem extremamente míopes ou que estivessem sempre tomando algum chá de cogumelo, já que as criaturas desenhadas eram sempre bastante psicodélicas. Não é possível descartar a possibilidade de que tais criaturas realmente fossem psicodélicas, o que poderia explicar as suas extinções.

Enfim, como tudo que tem um começo tem um fim, o começo do fim do mundo virá, ainda que não tenha previsão para começar, ainda que um fim nunca aconteça antes de um meio e ainda que os fins não justifiquem os meios. Ou justifiquem. Ou talvez. Sei lá, não vou mais falar disso porque não tenho a menor condição de opinar sobre esse assunto. Lembre-me, eu sou só apenas um qualquer.


P.S., mas não menos importante:

Agradeço profundamente à minha amada, idolatrada, salve, salve, amiga Ana que tanto amor me tem dedicado e tanto esforço tem despendido na alucinada cruzada de me fazer retornar aos meus escritos que tanto me alegram, mas aos quais não tenho podido dedicar meu tempo como se deve. Pobres seres vivos tão carentes (sim, os escritos são seres vivos... e são carentes).

Obviamente que a sutil ameaça de minha formosa amiga de jamais voltar a me conceder maravilhosos gestos de amor (sou suspeito para dizer essa verdade, mas macacos me mordam, digo assim mesmo) caso eu não voltasse a postar algo, o que quer que fosse, até o sábado passado (no caso à um dia e meio, sim, a semana acaba no sábado e não no domingo, como poderia supor um vivente menos avisado) foi bastante motivador e agente realizador de uma profunda vontade de me fazer sentar nessa cadeira e escrever.

Então escrevi.

*/ Doeu? Arrancou pedaço? Porque demorou tanto assim? E o pessoal que sempre entrava aqui pra ler os posts? Fica assim mesmo? Só uma desculpinha esfarrapada e acha que tudo está às mil maravilhas? Que cara-dura.../* 

Desculpem a perturbação acima. Esse indivíduo acusador e difamatório que novamente se intromete em meus textos é nada mais do que minha outra personalidade, o Coelho branco*, como se autodenomina. Mas devo dizer que ele somente antecipou o que eu pretendia dizer agora.

Agradeço a todos os meus amigos e amigas que passaram por aqui, os que sempre passam e os que quase nunca passam, pelas palavras, pela amizade e por tudo mais, seja lá o que tudo mais for. Para ser sincero, agradeço também aos que nunca passaram por aqui e aos que jamais passarão, porque, segundo Mário Quintana, eles passarão e eu, passarinho.

Eu acho.

*Vocês que acompanham o blog sabem muito bem como é minha relação com coelhos (nada amistosa), na verdade minha segunda personalidade usa esse nome para fins de psicologia! É... ela não tem medo de coelhos...

A História de Apenas um Qualquer. Capítulo VI

A Aula de Natação


Já estava no meio de minha média infância* quando minha mãe resolveu inscrever-me em um curso de natação de um clube perto de nossa casa. Bastante contrariado, fui.
Nunca compartilhei o entusiasmo pelos esportes que meus pais aparentavam possuir. Preferia muito mais brincar com meus soldadinhos de plástico, ficar desenhado no chão da sala, olhar os fantásticos desenhos animados (pelo menos eu os considerava fantásticos) que passavam na televisão, assistir aos filmes das décadas de 40 e 50 que iniciavam entre às quatro e cinco horas da manhã de domingo, entre tantas outras atividades maravilhosas que somente os anos de inocência poderiam proporcionar. Mas, definitivamente, natação não era uma delas.

De arrasto, fui levado então para minha primeira aula. Logo de cara aprendi a flutuar, embora com um deslocamento de 180° em relação à posição ideal, conforme a imagem à esquerda. Mas a persistência e a coragem sempre me acompanharam, e depois de noventa e oito aulas já havia feito notáveis progressos, como se pode ver na imagem à direita.

Analisando superficialmente as imagens alguém poderia supor que não houve progresso algum. No entanto, levado somente pelas aparências, esse alguém estaria cometendo um erro titânico em sua conclusão.
Durante minhas primeiras aulas eu não agüentava mais do que quinze segundos submerso na posição que eu orgulhosamente denominei de "Mergulho do Martim Pescador" (que, por motivos ainda não compreendidos, não fez muito sucesso). Já em minha nonagésima oitava aula, eu não só conseguia suportar facilmente toda a água que entrava por minhas narinas e inundava minhas fossas nasais, como conseguia permanecer dois minutos e quarenta e três segundos naquela posição antes de perder os sentidos.

Depois de tamanhas provas de meu valor como atleta e batedor de recordes, minha mãe não teve alternativa senão retirar-me daquele curso que já não me proporcionava desafios à altura*. Feliz e satisfeito com os resultados de meus esforços natatórios, retornei às ferozes batalhas entre os soldadinhos de plástico e os bonequinhos Playmobil (que quase sempre acabavam devorados por um dinossauro).


*Divido minha infância em baixa (0-3 anos), média (4-7 anos), alta (8-11 anos) e altíssima (12 anos em diante), para fins de enquadramento histórico.


*A verdade é que não consegui aprender, e, até hoje ainda não compreendo como fazer algo acima de 50kg boiar na água.

Aviso de Mudanças!

Olá pessoal, Antes de mais nada gostaria de me desculpar por esses poucos(vários) dias ausente no blog...

O fato é que antes, eu entrava no blog através do endereço blogspot.com, porém, tentava logar minha conta e nada acontecia! Cheguei a ficar extremamente desesperado!

Quem acompanha o blog sabe muito bem que eu não me dou muito bem com o blogspot (clique para refrescar a mamória). Acreditam que o blogspot mudou definitivamente seu endereço para blogger.com?!?!

Mas reclamações à parte(e desculpas também), venho lhes avisar que mudarei a rotina de artigos do blog!!! Isso mesmo! o blog seguirá uma rotina semanal e, a cada dia da semana o blog terá uma postagem específica.

confiram abaixo a rotina que o blog tomará a partir de hoje!



ROTINA

  • Domingo: Publicação de mais um capítulo da série "A História  de Apenas um Qualquer"
  • Segunda: Artigo Diário (consiste em artigos fora de série)
  • Terça: Publicação de mais um capítulo da série "Fábulas Alucinadas"
  • Quarta: Artigo Diário (consiste em artigos fora de série)
  • Quinta: Publicação de mais um capítulo da série "Desciclopediando Cursos"
  • Sexta: Artigo Diário (con... ahhh vocês ja sabem!)
  • Sábado: Artigo Diário...

Quero deixar claro para vocês leitores que, a rotina do blog mudará de aleatório para programado para ajudar a min organazar melhor na hora de publicar minhas postágens, afinal, iniciei 3 séries no blog e estou lançando mais uma... Se não houver organização não conseguirei terminar nenhuma delas e as mesmas tendo programa, podem ajudar ao leitor que tem alguma série como sua preferida a saber exatamente quando entrar no blog para conferir o seu artigo favorito!

Gostou???? não? =X.... (é.. não se pode agradar a gregos e troianos)

Só para finalizar este breve(mas nem tanto) aviso,  quero agradecer a paciência daqueles que entram no blog para ler, visitar ou até mesmo entram por engano! Comentem o blog, Critiquem, dêem digas, sua opinião só ajuda a levantar o ânimo e a inspiração para a criação de artigos que façam valer a pena ler!

Só para constar:
Ando bastante ocupado com a faculdade de 'Bacharelado em ciência da computação', mesmo o blog agora tendo sua própria programação, pode ocorrer dias os quais não haverá postagem nenhuma! infelizmente essa nossa vidinha corrida tem que ser vivida de verdade, não é? Sendo assim, se um dia não sair nada na segunda feira (Artigo Diário), por exemplo, O artigo de segunda não sairá na terça (pois a terça já tem compromisso com "Fábulas Alucinadas". Divirtam-se!

O Medonho Tubo De Raios Catódicos

Os fenômenos que esse mundo maluco me apresenta diariamente afetam em tal grau minha enlouquecida rotina que algumas vezes, senão sempre, sou abrigado a desvanecer-me por tempo indeterminado, a fim de continuar minha existência da forma menos caótica possível. E foi por esse simples motivo que sumi.

Tudo começou a um tempo atrás quando fui assistir um pouco das imagens do meu novo aparelho de terrivisão. Andava exausto dos programas tradicionais e resolvi comprar um equipamento mais moderno, na esperança de não ter de assistir àqueles horrores que meu arcaico dispositivo teimava em exibir.

Para minha mais desgraçada surpresa, meu novo terrivisor, ao ser instalado, passou a exibir as mesmas cenas que seu predecessor, perniciosamente, apresentava. Onde estavam as bucólicas paisagens e as tranqüilizantes cenas da vida selvagem que eu havia presenciado quando o comprei na loja?

Ao ser colocado em seu lugar, em minha residência, só o que meu terrivisor exibia eram cenas extrema violência, pessoas sendo ridicularizadas em desumanos programas de auditório e imagens de indivíduos sob terríveis ataques convulsivos ocasionados pelos hediondos e indescritíveis ruídos aos quais estavam expostos (mais tarde fiquei sabendo que eram pessoas dançando ao som de música popular).

Dirigi-me imediatamente à loja na qual comprei o falho dispositivo. Logo fui abordado pela atendente que, numa demonstração de persuasão incomparável, conseguiu provar-me que, embora eu houvesse comprado meu aparelho naquele estabelecimento, eles não tinham nada a ver com isso. Ela então me aconselhou a procurar uma assistência técnica e logo me dirigiu à saída da loja, mas não sem antes me desejar, sorridente, um bom dia.

Fui à assistência técnica, e meu dia continuou bastante ruim. Deixei meu aparelho para análise especializada, que, surpreendentemente, nada constatou de errado. Fui novamente aconselhado a voltar para minha casa e testar meu aparelho mais uma vez. Obviamente o técnico desejou-me um bom dia também.

Estariam as palavras do referido técnico em manutenção correspondendo com a verdade? Tudo aquilo que eu havia visto não teria passado de mera alucinação? Para garantir imparcialidade na decisão, tomei uma dose dupla de meus antialucinógenos (cigarros) e pus-me a observar, desconfiado, mas esperançoso, às imagens de meu terrivisor mais uma vez.

E mais uma vez ele me terrificou. Dessa vez com ataques suicidas, telejornais sangrentos, novelas sem sentido e manipuladoras, programas infantis com indescritível nível de retardamento mental e filmes cheios dos mais nauseabundos clichês, e tudo isso a tal ponto que duvidei que algum ser vivo, pensante ou não, pudesse expor seus sentidos à tamanha agressão por mais de alguns minutos.

Alucinado (coisa cada vez mais freqüente em meus insanos dias), pus meu demente corpo em lépida fuga rumo à qualquer lugar, desde que para longe de tão maligno instrumento. Escondi-me em lugares onde poucos suporiam encontrar-me, refugiei-me nos mais recônditos esconderijos, e, em minha mente, tentei reverter os perversos danos que minha consciência havia sofrido.

Hoje posso afirmar seguramente que sou um homem curado, ou não. Realmente não sei, mas a certeza que tenho é que voltei, eu acho.

Ainda que a relaxante vida selvagem e que as pastoris paisagens não encontrem guarida em meu sádico dispositivo, meu tão oprimido ser encontra hoje seu refrigério nas coisas que a circundam, principalmente no refrigerador que fica ao lado dela.

Então, para brindar a volta de minha consciência ao seu devido rumo, canto o hino nacional e abro uma cerveja, muito embora eu não saiba cantar e tenha uma grande aversão a bebidas alcoólicas. Mas o que realmente vale é a boa intenção, mesmo que o inferno esteja cheio delas.

DESCICLOPEDIANDO CURSOS

CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Ciência da Computação é uma ciência que envolve coisas como calcular o tempo que leva para arrastar um ícone de um lugar para outro empurrando o mouse a uma certa velocidade. Depois de pesquisas intensivas, cientistas da computação chegaram até a seguinte fórmula:


OBS: A partir de agora, o conteúdo abaixo pode não agradar estudantes deste curso, portanto, se você não tem espírito esportivo não o leia. Se o ler e não gostar.... sei lah... me processe =D.

O INÍCIO


(Algoritmo para resolução dos seus problemas)

O aluno de Ciência da Computação é aquele nerd tosco do colégio que fica o dia inteiro falando sobre videogames e ninguém dava ideia porque ele era estranho, tinha umas olheiras enormes e uma estranha predileção por não tomar banho e não está nem aí pra roupas e penteado. Nunca falou com nenhuma mulher da sala, e fica todo orgulhoso quando vê que alguém sabe o seu nome. Tem uma predileção por gastar seu tempo entre-aulas no laboratório de computação lendo sobre coisas inúteis. Basicamente um vida de futilidades.
Quando tem 17 anos, sua mãe (a dele, não a tua, imbecil) o levava no barbeiro, isso se ele for do sexo masculino, já que para cada 10 homens existem 5 rapazes no curso.
Então o jovem e audacioso nerd fedorento entra para a faculdade (achando que vai virar hacker) e começa a filosofar sobre tudo e todos na vida. Porque ele entendeu o contexto histórico-científico-anárquico-anal da matemática quando  pegou o livro do Anton de Cálculo 1 na biblioteca. E ele entendeu o mundo, e tudo fazia sentido. Todas as humilhações passadas não significavam nada, porque agora ele entendia e tinha finalmente encontrado o sentido da vida......... até a primeira prova de Cálculo, porque quando o nosso herói nerd a fez, se sentiu o cara mais burro de todos. Ele invariavelmente se fudeu.

TROTE DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO


O trote de Ciência da Computação sempre é o pior da Universidade. Sempre os calouros mais nerds sofrem mais no trote.

 "Certa vez tive que usar Hipoglós para me livrar das assaduras referentes aos cuecões!"
Calouro sobre Ciência da Computação

O trote de computação é sempre feito com brincadeiras sadías e inocentes.

DIVISÃO E ESTATÍSTICA DO CURSO
  • 91% de homens muito nerds
  • 69% de homens nerds tetudos
  • 8% de homens nerds
  • 6% de homens gênios nerds
  • 2,95% de homens engenheiros frustrados
  • 0,03% de homens matemáticos e físicos
  • 0,001% de mulheres
  • 0,00001% de mulheres gordóticas
  • 0,0000000001% de mulheres comestíveis
  • Churrascos por ano: 0,002
  • Solteiros: 97%
  • Virgens: 113%
  • Sofredores de LER por digitação: 97,2%
GRADE DO CURSO


Os professores do curso partem do pressuposto de que os alunos não têm mais nada para fazer a não ser estudar sua matéria. Geralmente, o objetivo principal deles é convencer o aluno de que ele deve estudar bastante para conseguir ganhar, no final do curso, a oportunidade de realizar uma jornada de trabalho de 15h por dia, com um japonês inconveniente ao lado, sendo o trabalho um estágio não remunerado no laboratório da instituição.
 Estuda que é fácil. Isto é matéria de primário!
Professor de Cálculo dando falsas esperanças ao aluno alguns meses antes de reprová-lo.
O curso basicamente divide-se em três tipos de cadeiras principais: as de programação, as de banco de dados e as de projeto de sistemas, o resto serve apenas para encher linguiça, já que serão totalmente inúteis no mercado de trabalho. Passar nessas cadeiras colando não é nenhuma vergonha, aliás, é até uma esperteza, pelo menos não fica perdendo tempo estudando algo que será inútil na sua vida.
Agora vamos, de maneira geral, mostrar alguns conceitos estudados por um futuro Bacharel em Ciência da Computação, ou seja, um nada.

ÁLGEBRA LINEAR


Tire pelo menos 8 na primeira prova ou você se fudeu, pois logo após a revisão para mongolóides de matrizes e determinantes começa o cálculo de base e subespaço vetorial, ângulo entre matrizes e etc. Diz a lenda que quem queima um beck consegue entender tudo ali, mas como o corpo discente é bastante conservador isto nunca pode ser provado.

AULAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO


Curso completamente teórico. Não há. E você pensando que ia ficar no laboratório todas as aulas aprendendo protocolos de segurança e programação para internet avançada. Pega o livro de C e se vira.
CÁLCULO 1, 2, 3, 4, 5, 6, 13, 24...
Em mesma quantidade vem a Análise Numérica e a Física e seus laboratórios com experiências e relatórios que mais parecem um campo de concentração. Muitos dizem que Cálculo não serve pra nada, mas é muito útil: Calculo 1 serve para Calculo 2, Calculo 2 serve para Calculo 3, e assim por diante.

GEOMETRIA ANALÍTICA


É onde os professores despertam o aluno para imaginarem alem da 2ª dimensão para resolverem seus problemas. Mal sabem eles que os alunos estão imaginando em uma loira gostosa que eles nunca vão pegar ou no RPG favorito depois da aula com os amigos NERDS. A matéria serve também pra você fazer Cálculo 2.

ESTATÍSTICA


Cadeira que só terá alguma utilidade na sua vida se você for desenvolver um software pro IBGE.

ESTRUTURA DE DADOS


A matéria que, se você não programa em C, C++ e Assembly há pelo menos 15 anos, não vai passar, a não ser decorando ou colando. A inicialização da disciplina sempre começa com tipos de estruturas, como arrays circulares e distribuição de donuts durante a aula, exemplificação da matéria.
FÍSICA 1, 2, 3, 4, 5, 6, 13, 24...
Matéria do cão, com professores do cão, ensinada na maior esculhambação pelo Departamento de Física que é o cão, pois os docentes deste vivem numa guerra contra o Departamento de Ciência da Computação para descobrir quem é o mais retardado mental. Os laboratórios são experiências inúteis que geral copia os relatórios ano a ano, desde os relatórios originais de Isaac Newton quando ele era graduando.

INGLÊS INSTRUMENTAL


Aula pra todos os computeiros ficarem putos pra caralho, se fudendo na faculdade enquanto a galerinha do beck (humanas) só vadia e faz sexo nos corredores da faculdade.

INTRODUÇÃO A ÁLGEBRA E LÓGICA


Se você acha que sabe o que significa desespero, reveja seus conceitos. Aqui você verá de onde saem todas as fórmulas e terá que prová-las. O objetivo principal do curso é se livrar disso e do Cálculo o mais rápido possível.

INTRODUÇÃO A PROGRAMAÇÃO

Talvez a cadeira preferida do nerd calouro, ele se achará fodão quando fizer o seu primeiro programa de somar 2 números inteiros e se achará mais fodão ainda quando aprender os laços repetitivos for-while e conseguir fazer o "efeito matrix" na tela do DOS chamando todos os seus amigos NERDS para ver.

FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA DA COMPUTAÇÃO


Poucos chegaram aqui, somente aqueles que já conseguem conectar um cabo VGA no cérebro ou a galera que estudou por 16 horas seguidas e tomou pau pelo menos em 40% das matérias acima ainda sobrevivem ao curso. Inocentes calouros acham que o curso facilita depois da formação básica. Aqueles que tem certeza disso certamente desistirão do curso.

PROJETO E ANÁLISE DE ALGORITMOS


É onde se aprende a calcular complexidade de algoritmos com fórmulas completamente obscuras. No final sempre rola um trabalho pra ajudar a galera, mas ninguém consegue fazer o trabalho.

ARQUITETURA DE COMPUTADORES


É a disciplina favorita dos Engenheiros Elétricos frustados que optaram por Ciência da Computação já que Engenharia Elétrica dá tanto dinheiro quanto vender gelo no Polo Norte. Nesta disciplina o aluno irá aprender sobre a arquitetura de uma placa mão que ninguém usa, ou irá usar. O professor, normalmente um Engenheiro Elétrico frustrado leciona aquilo como se fosse a coisa mais importante do curso, pois para ele se você não aprender não será um verdadeiro cientista da computação.
 "Esta arquitetura RISC PX29312 é muito utilizada, portanto irei cobrar na prova"
Professor de Arquitetura de Computadores sobre conhecimento do cenário atual de hardware

ARQUITETURA DE COMPUTADORES 2


Geralmente disciplina opcional para aqueles que se masturbam entrando em sites como tomshardware.com. É aonde se vê que Arquitetura 1 foi brincadeira de criança. Você aprenderá como funciona o pano de retalhos Intel, saber como funciona um pipeline e saber o algoritmo de Tomasulo. No final da disciplina se aprende o mais importante, como Deus faz funcionar um processador. Aulas de fé e macumba também são inclusas para acreditar que aquilo funciona.

CÁLCULO NUMÉRICO


Uma versão do Cálculo voltada para a computação. É a matéria onde "aprendemos" uma porrada de teorias e métodos que não cabem no quadro e para no final do semestre decorar todos os tipos de fórmulas possíveis e aplicar numa prova de 4 horas no mínimo. Atenção: No dia da prova leve mochila grande, comida, uma barraca, 3 computadores e 7 calculadoras Casio(caso alguma delas pegue fogo no meio do cálculo de um sistema linear de 100x100).

COMPILADORES


Também chamada de "complicadores", cadeira onde o nerd deverá desenvolver um compilador que seja pelo menos 9 vezes melhor que o Visual Studio -- sem muito esforço ele consegue algo melhor. A diferença é que pelo menos a galera da Microsoft ganha uma grana pra fazer isso, enquanto o aluno do curso ganhará 0,5 ponto e uma chuva de críticas do professor só porque o compilador não encontrou um ponto de exclamação em alguma parte do código ou, quando encontrou, não deveria ter encontrado. É aqui que vemos marmanjos chorarem e pedirem pra morrer.

COMPUTAÇÃO GRÁFICA


Cadeira onde o nerd acha que vai sair criando um GTA ou um Winning Eleven da noite pro dia, no decorrer da cadeira ele descobre que levará séculos para conseguir entender a lógica e conseguir programar uma elipse na tela.

GRÁFOS


Grafos é a disciplina que nos mostra 90% do tempo problemas impossíveis ou difíceis pra caralho de resolverem. Funciona como uma destruição mental. Se o professor pede implementação, você codifica e no outro dia vê que o programa ficou tão complicado que nem você mesmo entende. Se estiver errado, não há Pressman que resolva usando reengenharia e essas viadagens de código. Tem várias utilidades, uma delas é para quando você quiser ver a menor quantidade de barbante para ligar a sua casa com a casa da sua tia, da sua vó e do seu cunhado para falarem ao telefone com 4 latas de milho verde nas extremidades.

DESORIENTAÇÃO A OBJETOS


Cadeira que diz que tudo que você tinha aprendido sobre programação não serve para nada e que Java contém classes que criam qualquer coisa no universo, o nerd passa a sentir momentos de nostalgia voltando aos primórdios tempos de calouro tendo que aprender a programar tudo de novo. Sair da programação estrutural de dados para orientação a objetos é como enfiar uma azeitona no ânus e depois um abacaxi.

BANCO DE DADOS


Cadeira onde você tenta aprender a mexer no SQL Server, mas o máximo que consegue é fazer uma gambiarra no Access. Aprende fazer uns modelos ER que dão nó na sua cabeça e que sempre estarão errados. Aprende a utilizar a semântica da linguagem de consulta SQL (na verdade você só saberá fazer o manjado SELECT * FROM Tabela) e permuta entre tabelas (Inner Join, Outer Join, Left Join, Right Join, Fuck Join, etc.). No final aprenderá a gerenciar processos e integridade dos dados utilizando sequências de comando nada complicadas de Undo->Redo->Undo->Undo->Redo->Undo->Redo->Redo->Undo->Undo->Redo->Redo->Undo->Undo->Redo->Undo->Redo->Redo->Undo->Undo->Redo->Undo.

Sim, só em computação que você acha guias científicos em formato mangá.

LINGUÁGENS FORMAISE AUTÔMATOS


Você aprende a fazer alfabeto, mexer de novo num bagulho que é o primo pobre da Máquina de Turing. Faz-se a matéria com desgosto, e na hora do Compilador deve-se aprender novamente um período inteiro em 1 semana para montar a sua linguagem.

PROGRAMAÇÃO LINEAR


Versão avançada do Cálculo Numérico, aonde você deve decorar como se faz o simplex tableau pra tentar passar.

SISTEMAS OPERACIONAIS


Cadeira onde o aluno aprende o quão tosco é o Windows e irá descobrir todas as ligações demoníacas atrás da tela azul da morte, provavelmente os programadores da Microsoft passaram nela colando dos programadores de Linux. Durante a disciplina, muitos livros são consultados, principalmente o livro do Chaves e suas aplicações na Ciência da Computação. Chaves, o melhor cientista de sua época, tomou como sua segunda teoria de computação um pequeno relato de sua vida. Em sua teoria, Seu Madruga solicitou a ele que estourasse todos os balões que Kiko comprava. Temos Kiko como produtor de informação e Chaves o consumidor; é criada a nova teoria de produtor-consumidor. Chaves também criou a teoria da Recursividade.
Outra teoria que Chaves descreve em seu livro é a utilização de semáforos. O capítulo também demonstra com fatos reais a aplicação deste grande estudo. Para isto, o autor solicitou ao seu amigo Chapolin a exibição, quando em perigo junto com Piratas, e enfrentou Alma Negra. Ambos estavam tomando vinho e Alma Negra envenena um dos copos. Para despistá-lo, Chapolin pede para que Alma Negra olhe para trás enquanto troca os copos de lugar. Caso não existisse um semáforo naquele momento, Alma Negra iria ver a troca. Um ótimo exemplo de aplicação.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


Envolve métodos utilizados para deixar computadores estúpidos o bastante para parecer humanos e tomar decisões pífias.

BURRICE ARTIFICIAL


Envolve métodos utilizados para dar a computadores um comportamento o mais próximo possível ao de Carla Perez.

REDES ANEURAIS


É o método de fazer o computador simular o neurônio humano. Mas como o neurônio humano nunca funciona, o do computador também não.

CADEIRAS TEÓRICAS


Quase no fim do curso, disciplinas como Análise, Projeto de Sistemas, Multimídia e Engenharia de Software dão o descanso merecido aos alunos uma vez que são aulas tão intrigantes que o aluno irá, invariavelmente, descansar em sonos profundos.

BIOCOMPUTAÇÃO


Uma grande área de estudos atuais é a biocomputação, responsável pela cultura e desenvolvimento de seres microscópicos durante as aulas de arquitetura de computadores. Partindo de um modelo simples estudado, é possível inserir uma nanoinstrução em células de jackalopes americanos para que estes assumam seu modo de baixo nível. Podemos citar a instrução abaixo:
----------------------------------------------------------
   diff(plus(A,B), X, plus(DA, DB))
      <= diff(A, X, DA) and diff(B, X, DB).
   diff(times(A,B), X, plus(times(A, DB), times(DA, B)))
      <= diff(A, X, DA) and diff(B, X, DB).
   equal(X, X).
   diff(X, X, 1).
   diff(Y, X, 0) <= not equal(Y, X).
   ? diff( plus(times(x, x), times(3,x)), x, Dx).
-----------------------------------------------------------

Este trecho é responsável pela transformação das células dos animais supracitados em seres macrófagos, mais conhecidos atualmente como Garbage Collectors do Java.

MERCADOLOGIA


Normalmente, está alocada nos períodos finais do curso em que aluno já está com a massa encefálica supersaturada e irá engolir qualquer coisa, mesmo. Compreende disciplinas que o Nerd pouco pode entender, pois irá lhe dar com teorias que visam "relação interpessoal" -- repito—relação interpessoal, a qual o semi-bacharel em Ciência da Computação tem pavor.
As disciplinas podem ser, normalmente, encontradas com os seguintes nomes: Engenharia de Software, Empreendedorismo ou Gestão de Projetos. Estas disciplinas tentam explicar a importância do Networking, mas o aluno fica com aquela questão: "Seria Network Frame Relay ou ATM ?".
Professores empostados e engravatados dão o tom da aula com aquelas frases de efeito dignas de Headhunters: "Vocês não provêm software ao cliente, mas sim soluções", "O gestor é aquele que delega e, por isto, não se encontra Gestor em qualquer esquina como Programadores." Neste momento, aqueles alunos que demoraram 3 anos para vencer as disciplinas de Algoritmos/Programação pulam pelas janelas da sala ou no pescoço engravatado do professor.

TCC


No fim do curso quando o pobre diabo pensa  "Agora eu formo, eu mereço" isso  vem o Trabalho de Diplomação (aka. TD) também conhecido como Trabalho do Demônio. Neste, o aluno deve mostrar todos os seus conhecimentos agrupando-os em um único trabalho que forneça algo inédito para a Ciência da Computação. O resultado normalmente é  "Segmentation Fault (Brain dumped)"

LaTeX


É uma das disciplinas que não existem oficialmente na Ciência da Computação, mas que estão na grade de algum jeito, pois ou você aprende, ou seu professor metódico-pragmático-mala-sem-rodinhas fará aquela cara feia quando você for entregar o trabalho feito no Word. Não se preocupe, a curva de aprendizagem do LaTeX é suave, principalmente se você desistir no início.

 "Porque até o texto dos trabalhos nós temos que programar ? "

 LOOPS INFINITOS


Entenda sobre loops infinitos consultando Loops sem Fim abaixo.
Recursividade:
Recursividade é um campo da ciência da computação que estuda coisas recursivas. Coisas recursivas são todas aquelas que apresentam recursividade. Recursividade é um campo da ciência da computação que estuda coisas recursivas. Coisas recursivas são todas aquelas que apresentam recursividade. Recursividade é um campo da ciência da computação que estuda coisas recursivas. Coisas recursivas são todas aquelas que apresentam recursividade. Recursividade é um campo da ciência da computação que estuda coisas recursivas. Coisas recursivas são todas aquelas que apresentam recursividade. Recursividade é um campo da ciência da computação que estuda coisas recursivas. Coisas recursivas são todas aquelas que apresentam recursividade. Recursividade é um campo da ciência da computação que estuda coisas recursivas. Coisas recursivas são todas aquelas que apresentam recursividade. Recursividade é um campo da ciência da computação que estuda coisas recursivas. Coisas recursivas são todas aquelas que apresentam recursividade. Recursividade é um campo da ciência da computação que estuda coisas recursivas. Coisas recursivas são todas aquelas que apresentam recursividade... (ad infinitum)
O primeiro grande professor da teoria da recursividade foi Chaves, quando, aplicando sua teoria, conseguiu chamar uma instância de si mesmo para vender todos os churros da Dona Florinda. Para isto, o grande cientista da computação mostrou ao vivo, como aplicar a teoria proposta por ele. Muitos fãs o exaltaram e tomaram a iniciativa, e hoje é praticada em universidades do mundo todo. Chaves possui muitas teorias dentro da Ciência da Computação, como seu maravilhoso trabalho com Sistemas Operacionais.

FALHAS DE SEGMENTAÇÃO


Esta é a forma que Deus utiliza para punir cientistas da computação. Este fenômeno misterioso nunca possui explicação lógica e costuma inutilizar horas de trabalho.

O sonho de consumo de qualquer nerd de ciência de computação

...mas isso será o melhor que ele conseguirá pegar

POG (PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A GAMBIARRAS)


Envolve a análise de técnicas avançadas de programar. Tão avançadas que você nem vai saber o que está programando.

LOOPS SEM FIM


Um campo de estudo da ciência da computação. Para mais detalhes, consulte Loops Infinitos acima.

QUESTÕES DE PROVA


Avisos do professor:


"Eu sei que não vai dar tempo de terminar a prova."
"Eu vou corrigir a prova do jeito que eu quero, e vou dar a nota que eu quiser."
"Meu objetivo é reprovar você."
"Boa prova!"



  1. A NASA planeja construir um programa para controlar todas as funções do cérebro humano. Para isso, contratou um programador (no caso, você) para fazer o programa sozinho em meia hora. Seu algoritmo deve conter uma função recursiva que chame ponteiros implícitos e retorne parâmetros de matrizes encadeadas em listas dinâmicas. Para isso, você deverá criar variáveis estáticas nulas que recebam parâmetros definidos através do método chamado por valor-resultado, apontado pelo ponteiro de controle da entrada encadeada explícita na função principal controlada pela classe auxiliar. Esta classe deve ter campos públicos (caso arquivos de matrizes auxiliares dinâmicas receberem parâmetros inteiros) e privados (caso se usem variáveis heap para a alocação estática de ponteiros auxiliares). Os métodos deverão ser declarados usando-se caracteres ASCII de 16 bits empilhados em estruturas recursivas sendo do tipo inteiro (para arquivos do tipo stack binário que recebem listas auxiliares) ou vazio (para classes estruturais duplamente encadeadas alocadas em memórias principais). Também se deverá criar uma interface utilizando matrizes de controles, parâmetros de função, apontadores simétricos estáticos e arquivos paralelos duplamente encadeados em processos recursivos dinâmicos. O programa principal deverá ter somente um botão para o usuário apertar.

Resposta do Aluno:
---------------------------------------------------
int main()
{
 printf("Não sei");
 getch();
}
--------------------------------------------------

Resposta Correta:
---------------------------------------------------
#include <stdio.h>
main(t,_, a)char *a;{return!0<t?t<3?main(-79,-13, a+main(-87,1-_,
main(-86,0, a+1)+a)):1,t<_?main(t+1,_, a):3,main(-94,-27+t, a)&&t==2?_<13?
main(2,_+1,"%s %d %d\n"):9:16:t<0?t<-72?main(_,t,
"@n'+,#'/*{}w+/w#cdnr/+,{}r/*de}+,/*{*+,/w{%+,/w#q#n+,/#{l,+,/n{n+,/+#n+,/#\
;#q#n+,/+k#;*+,/'r :'d*'3,}{w+K w'K:'+}e#';dq#'l \
q#'+d'K#!/+k#;q#'r}eKK#}w'r}eKK{nl]'/#;#q#n'){)#}w'){){nl]'/+#n';d}rw' i;# \
){nl]!/n{n#'; r{#w'r nc{nl]'/#{l,+'K {rw' iK{;[{nl]'/w#q#n'wk nw' \
iwk{KK{nl]!/w{%'l##w#' i; :{nl]'/*{q#'ld;r'}{nlwb!/*de}'c \
;;{nl'-{}rw]'/+,}##'*}#nc,',#nw]'/+kd'+e}+;#'rdq#w! nr'/ ') }+}{rl#'{n' ')# \
}'+}##(!!/")
:t<-50?_==*a?putchar(31[a]):main(-65,_, a+1):main((*a=='/')+t,_, a+1)
:0<t?main(2,2,"%s"):*a=='/'||main(0,main(-61,*a,
"!ek;dc i@bK'(q)-[w]*%n+r3#l,{}:\nuwloca-O;m .vpbks,fxntdCeghiry"),a+1);}
---------------------------------------------------

Comando necessário para visualizar a resposta:
---------------------------------------------------
a=$1;c=$(($a/100));n=$(($a-(19*($a/19))));k=$((($c-17)/25));i=$(($c-($c/4)-(($c-$k)/3)+(19*$n)+15));
i=$(($i-(30*($i/30))));
i=$(($i-(($i/28)*(1-($i/28))*(29/($i+1))*((21-$n)/11))));j=$(($a+($a/4)+$i+2-$c+($c/4)));
j=$(($j-(7*$j/7))));l=$(($i-$j));
m=$((3+(($l+40)/44)));
d=$(($l+28-(31*($m/4))));
echo "$d/$m/$a"
--------------------------------------------------------------------------------


"Isto é questão de psicotécnico!"
Professor sobre a questão acima.

OTAKICE


Alguns estudantes de Ciência da Computação são verdadeiros apaixonados por coisas como truco, Japão e RPG, além de jogos estranhos como World of Warcraft, Magic, Tibia, Ragnarok, RoseOn e Ragnarok.

DIRETÓRIO ACADÊMICO (D.A)


É aqui a Lan-House particular dos alunos mais descansados. Normalmente, contém cerca de meia dúzia de computadores em estado de sucata e uma impressora que SEMPRE dá pau nos momentos decisivos. É praticamente o segundo lar da maioria dos alunos, para alguns é o primeiro, e será o primeiro por pelo menos 8 anos, tempo médio de formatura de tais seres.
As mulheres que dão as caras nestes lugares reagem de duas formas. Ou se tornam machões do tipo Rebeca Gusmão, ou entrarão lá pela primeira e última vez.
Se durante o semestre os estudantes assíduos tiveram pouco tempo para mostrar as técnicas, no fim do semestre o D.A se enche para os campeonatos. Não importa quem seja o derrotado, pois no fim das contas quem levanta da cadeira e dá lugar a outro é o calouro.
Também é muito comum músicas características do curso, como o Funk da Complexidade cujo refrão pode ser retirado da ponta da língua do corpo discente: "POG é coisa do passado, a moda agora é O(n²)".

COMO OCORRE A FORMAÇÃO DE UM CIENTISTA DA COMPUTAÇÃO


A existência destas criaturas é o resultado de uma conspiração de alienígenas que desejam conquistar o nosso planeta. Para facilitar o trabalho, eles querem que todos os terráqueos estejam durante o ataque ocupados visitando sites pornográficos no computador. Para isso, eles inseriram em uma série de jogos e de programas de computador mensagens subliminares para fazer com que os terráqueos não saíssem mais da frente deste aparelho diabólico. O problema é que a frequência das mensagens subliminares não foi forte o bastante. Somente indivíduos do sexo masculino e com tendências nerds foram afetados. Surgiram assim os primeiros cientistas da computação. Terráqueos infectados pela mensagem alienígena apresentam os seguintes sintomas:


  • Escolhem fazer faculdade de Ciência da Computação
  • Ficam o dia todo jogando Tibia, Diablo, World of Warcraft e outros RPGs satânicos na frente do computador ou acessando sites impróprios.
  • Começam a passar por um processo de nerdização.
  • Tem poucos amigos (amigas nem se fala).
  • São estranhos.
  • Reagem com espanto ao avistarem uma mulher de verdade.
  • Usam óculos.
  • Possuem espinhas.
  • Batem ----------- dezenas de vezes por dia.
  • São viciados em café e Coca-Cola.
  • Babam.
  • Limpam o nariz na roupa.
  • Andam como o queixo encostado no peito.
  • Levam lancheiras (preparadas pela mãe) para a universidade.
  • Carregam canetas e calculadoras científicas nos bolsos.


O PROFISSIONAL DE COMPUTAÇÃO


Uma das grandes vantagens do curso de computação é a grande gama de possibilidades variáveis que existe no mercado. Caso o nerd consiga se formar na faculdade não terá problemas em arranjar algo pra fazer além de bater punheta e jogar Tibia. Vejamos:


  • Analista de Sistemas
  •  -Garoto de Programa - Programador
  •  - Desempregado - Freelancer
  •  -Criminoso Cracker - Hacker
  • Bilionário dono de uma megaempresa
  • Músico de Nerd Metal


Ficar trancado em laboratórios pesquisando sobre arquitetura de processadores, computação científica etc.
Mas apesar de se ter todas essas variedades de opções mercadológicas o nerd formado não tem motivação nenhuma para trabalhar, já que fica no serviço 15 horas por dia e ganha menos da metade do salário de um engenheiro que estudava na mesma sala de cálculo.

"Era pra eu ter feito engenharia."
Nerd de computação quando vê o contra-cheque do seu salário

FRASES COMUNS AO CURSO

  • "Existem apenas 10 tipos de pessoas: as que sabem binário e as que não sabem."
  • "Não existe lugar como o 127.0.0.1"
  • "O que o C++ disse para o C? -Você não tem classe!"
  • "Se não fosse o C iriamos programar em Basi, Pasal e Obol."
  • "Férias = POGramar."
  • "Penso, logo, não sei."
  • "Para se plantar uma ótima árvore binária é necessário bordar suas folhas"
  • "Fiz um enqueue numa festa mas ela estava em overflow e quebrei a FIFO"
  • "Um morto muito louco é um Dead Lock"
  • "Utilize o Algoritmo da Avestruz para resolver um Dead Lock"
  • "Algoritmo da Avestruz é aquele que você encontra o erro porém ninguém mais viu"
  • "Um looping infinito é um for-ever"
______________________________________
Programador espertinho em sala de aula. (Só quem faz ciência da computação é capaz de entender isso.)


Programador ainda mais espertinho, usando Python pra resolver seus problemas.

O Artigo acima é obra de uma Ardua pésquisa e colaboração de vários usuários e editores amadores da Desciclopédia ( http://desciclopedia.org <-Todos os direitos reservados). Eu apenas adaptei o Artigo para um padrão que  meus leitores estejam acostumados a acompanhar neste blog.

A história de Apenas um Qualquer. Capítulo V

A Ameaça Exterior

Durante parte de minha baixa e média infância*, eu nutri um alto grau de temor por pessoas desconhecidas. Tal receio colocava-me na posição de indivíduo anti-social ou, como se diz popularmente, bicho-do-mato.
Lembro-me que quando me aconselhavam sobre não me aproximar de estranhos e todas aquelas outras regras de segurança infantil, logo pensava:
- Por que raios eles acham que eu pretendo aproximar-me deles?

Para mim era o mesmo que dizer para que eu não me atirasse debaixo de um carro, ou que não pulasse do telhado em cima de uma pilha de cacos de vidro.Embora esse posicionamento pessoal colocasse meus pais, vez por outra, em situações embaraçosas, eu possuía minhas razões. Eu já havia adquirido um certo grau de consciência, o que possibilitava reconhecer-me como indivíduo, com pensamentos e desejos independentes. No entanto, ao observar as pessoas, não conseguia reconhecer nelas tais características, não sabia absolutamente nada sobre elas, não sabia o que se passava em suas mentes, como eram suas filosofias de vida, se eram boas ou más. Quanto à minha família, ela já havia dado provas de suas pacíficas intenções, e não havia porque duvidar de sua benevolência depois de tanto tempo.Mas o mundo exterior, esse sim, apavorava-me. Uma multidão de rostos, todos iguais para mim, que não deixavam transparecer seus pensamentos, a ponto de me fazer duvidar que existiam.

Certa vez caminhava com minha mãe quando, por um motivo que não me recordo, separei-me alguns metros dela. Ao ver que ela não se encontrava perto de mim, o horror tomou conta de meu ser. Horror que se amplificou quando uma senhora, tentando ajudar, segurou-me e perguntou se eu estava perdido.
- Agora é que eu estou! Pensei com meus botões.

Bastara um segundo de desatenção minha e de minha mãe para que as hordas me capturassem. Meu destino estava selado. A que terríveis atrocidades iriam submeter-me aqueles seres?
Enquanto eu ainda estava ocupado apavorando-me, minha mãe aproximou-se, segurou-me e disse:
- Segura a minha mão e não solta!

Estava salvo! Havia recebido uma segunda chance, e não a desperdiçaria novamente.

Continuei então com minha rotina xenofóbica exacerbada até entrar na pré-escola, aos cinco anos, quando então, devido ao convívio diário, comecei a entender as pessoas e a vê-las como iguais. E embora ainda não soubesse por onde vagavam seus pensamentos, descobri que os meus provavelmente também trilharam ou trilhariam os mesmos caminhos, e que a única diferença entre nós seria aquela que desejássemos impor. Essa nova perspectiva ampliou minha visão do mundo como nunca poderia ter imaginado. Lamentei ter levado tanto tempo para acordar.


Pensando nisso, veio-me à mente uma reflexão sobre esse tema. Já notaram que todos temos receio do que não é igual a nós? Que somos levados a crer que tudo o que é externo é a mesma coisa, e não conseguimos ver suas verdadeiras características? Que outras culturas e outras formas de pensamento são ameaçadoras porque são diferentes das nossas?
Qual outra razão haveria para tanta intolerância? Por qual outra razão as nações atacariam umas as outras ou, no mínimo, manteriam estoques de armas de destruição global senão por medo do que não lhes é familiar?

Se não fosse assim, se não víssemos tudo o que é externo como uma misteriosa massa uniforme de ameaça, por que, mesmo morando em um mundo com mais de 200 idiomas e dialetos distintos, com pessoas dos mais diversos tipos físicos, das mais diversas cores e credos, sempre que vemos filmes de ficção científica, os extraterrestres invariavelmente falam uma só língua, vestem-se todos da mesma forma, são todos fisicamente iguais e, via de regra, são terrivelmente ameaçadores? A ficção está aí para espelhar a realidade.


*Divido minha infância em baixa (0-3 anos), média (4-7 anos), alta (8-11 anos) e altíssima (12 anos em diante), para fins de enquadramento histórico.

Tratamento de Choque

Eventualmente dispenso algum tempo para conversar com meus móveis que, afinal, são seres vivos, como qualquer animal, vegetal ou mineral que perambula pela face da Terra, acima dela ou em seu interior.

Esses dias resolvi conversar com meu televisor, pois o problemático aparelho continuava com um terrível problema de auto-imagem (ele é um televisor atravessando uma aparente crise de meia-idade). Disse-me ele:

-Oh, Alex! Sinto-me um traste. Não vejo sentido em continuar assim. Acho que perdi a sintonia com este mundo. Se ao menos eu fosse um televisor de plasma...

Pobre máquina! Tinha que dizer alguma coisa para animá-lo (*):

- Bem, caro amigo, ao menos você...deixe-me ver...hã...ao menos você não é valvulado! - Disse, realmente tentando ajudar.
- É isso, Alex! Eu sou uma obsolência viva, um anacronismo que ainda teima em persistir. Vá para o seu computador com monitor de tela plana! Dessa sucata aqui não há mais o que se possa tirar!

Desconfiei que ele andava assistindo muito daquelas medonhas novelas mexicanas ultimamente, mas isso eu não iria suportar. Estava na hora de cortar essa onda! Obviamente, eu precisaria encontrar um meio eficaz de persuadí-lo, eu precisava de um canal de comunicação:

- Deixe de drama, caro televisor, sua vida até que é muito boa!
- Drama?? - Respondeu - Minha vida é um suspense atrás do outro! Perdi meu brilho há tempos, minha vida não tem mais cor, é só um grande contraste! Minha vida é, em suma, um enorme e mal feito filme de terror sem fim!

A essa altura, minha tolerância já demonstrava claros sinais de intolerância.
-Pois bem, caro televisor, então vamos dar um fim nessa história sem fim. Irei trocá-lo por uma torradeira nova, pois se o seu objetivo é torrar, que seja então pães, e não minha paciência.- Às vezes é preiso ser muito enérgico com esses eletrodomésticos.

Nesse momento, a vida inteira do desajustado televisor passou por sua cabeça. Quinhentas e setenta e quatro sessões da tarde, mil seiscentos e vinte e dois telejornais, mil setecentos e trinta e oito documentários, dois mil cento e cinquenta e três desenhos animados, seiscentos e quarenta e dois programas de entrevistas, entre outra infinidade de programas que todo televisor acaba por passar.

Por vários minutos ficou o televisor ali, parado (como de fato normalmente ele fica, coisa que muito me agrada), aparentemente meditou bastante no que aconteceu e disse:

-Já é tarde, Alex, acho que já está na hora de descansar. Amanhã é um novo dia e quero estar bem antenado.

Coincidência ou não (quase certo que não), ele voltou a funcionar corretamente. Soube que andou fazendo amizade com o aparelho de videocassete e que costuma ficar várias horas vendo filmes antigos e dando risadas. Menos mal, pois, pessoalmente, não sou um grande fã de torradas.

Entretanto, atualmente o que de fato vem me preocupando é essa aparente tendência à cleptomania que meu aspirador de pó vem apresentando. Estou pensando muito seriamente em ir morar no mato, coisa que somente não faço pois detesto morar no mato.



(*) Se eu tivesse escrito "tinha que dizer alguma coisa para o animar", eu poderia ser confundido com um caipira mal-educado, o que tiraria completamente o sentido do texto.

Sofrimento Coletivo

AVISO: Antes que leiam este artigo, gostaria de deixar bem claro a ausência absoluta de exageros no relato abaixo descrito. Também digo que o texto a seguir é proibido para menores de 10 anos por conter relatos de cenas que podem causar trauma psicológico.



Hoje, sempre quando vejo ou entro em um ônibus, não posso deixar de me lembrar de como pode ser desagradável você estar em um deles no dia errado e na hora errada.

Certa vez, entrei em um ônibus de uma linha reconhecidamente (mas não por mim, até aquele momento) freqüentada por imensas massas humanas que, em seus irrefreáveis desejos por retornar aos seus lares, estão dispostas a qualquer coisa por um lugar ao sol (ou longe do sol, se o ônibus for daqueles com janelas minúsculas ou se o dia estiver nublado).

Entrei, desavisado, crendo que tal itinerário era tão somente mais um comum itinerário, com um comum número de usuários, em um comum dia, nas comuns ruas de minha comum cidade.

Minha surpresa foi bastante incomum. No começo as coisas estavam boas (quase tudo é assim no começo), mas, à medida que os pontos de embarque foram se sucedendo, o povo, em sua sequidão por um transporte, foi se acumulando em extraordinário número no interior do extra-ordinário ônibus (era um daqueles bastante antigos e que não proporcionava o mínimo de conforto).

A cada indivíduo que, espantosamente, conseguia entrar na estufada carroceria do coletivo, ouvia-se um gemido de dor de alguém mais à frente e que estaria sofrendo as conseqüências da onda de pressão resultante.

O motorista, senhor visivelmente embrutecido pelos anos de sofrimento, parecia nutrir um certo prazer mórbido quando parava em um novo ponto de embarque. Os gritos desesperados de "Não pára! Não pára!", que a massa comprimida desprendia, pareciam soar como um sádico incentivo ao enlouquecido condutor.

Quando tudo parecia perdido e a esperança era mercadoria rara, uma senhora de uns cento e dez quilos, obcecada com a idéia de entrar no transporte coletivo, não enxergava a real impossibilidade física de sua obsessão. Tentou uma vez. Falhou. Tentou uma segunda vez, e agora com um pouco mais de força. Falhou novamente, mas dessa vez pude ouvir um grito de desespero de alguém próximo e que certamente teve alguma parte de seu corpo esmagada na tentativa.

Sua obstinação só não era maior que a indescritível aflição na qual a nação dentro daquele ônibus já estava afundada. A obesa senhora deu então alguns passos para trás e, num furioso impulso, atirou-se contra o maciço paredão humano a sua frente.

Nesse momento, mesmo que atordoado com o impacto, pude ouvir a lataria ranger como os rugidos de cem leões esfomeados, e escutei alguns dos rebites serem disparados como tiros de um trinta e oito. Um senhor de cerca de setenta anos que sentava mais a frente, foi ejetado pela janela, por conta de uma lei da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo.

Homem de sorte. Havia conseguido sair dali.

Quando, segundos mais tarde, minha tontura passou, não pude acreditar na situação em que estávamos. Cri que tudo fosse somente mais uma alucinação. Tentei pegar meus antialucinógenos, mas não consegui me mover. Somente meu olho direito, prensado contra a janela, é que possuía algum grau de liberdade.

Com esse olho vi passar o ponto onde queria descer, mas nem liguei para isso. Havia coisas mais importantes com o que se preocupar. Nossas vidas.

Um muito magro senhor, tão obstinado em descer como a tal senhora em subir, foi, com uma fúria admirável, rastejando como uma aranha pelo teto, pressionado pelas cabeças dos seus afligidos semelhantes até alcançar a porta. Tentativa inútil. O ônibus havia se tornado um bloco compacto e o motorista não podia abrir mais a porta, por mais que desejasse.

Nossa única esperança era uma oficina mecânica e um maçarico.

O motorista, agora também assustado com a obra de suas mãos, resolveu ignorar o seu itinerário e procurar ajuda profissional para nosso denso problema.

Seguimos cautelosamente rumo à garagem da companhia. No caminho, quase caímos em um arroio, quando o motorista usou a bengala de um velhinho para fazer a mudança da marcha e pisou no rosto de um passageiro quando tentou acionar o freio.

Uma voz, muito debilitada, manifestou uma idéia que poderia nos dar mais algum tempo de vida. Disse ela:
- É óbvio que não podemos respirar todos ao mesmo tempo. Vamos nos organizar e utilizar o ar que nos resta com sabedoria. Vamos nos dividir em três grupos, os que estão à direita, os que estão à esquerda e os que estão debaixo dos bancos. Um grupo respira de cada vez. Vamos lá! Os da direita... agora os da esquerda... agora os que estão debaixo dos bancos...

Parece que, em matéria de oxigenação, não adiantou em muita coisa, mas ao menos desviou um pouco a nossa atenção do suplício pelo qual passávamos.

Quando enfim chegamos à garagem, respiramos, um grupo de cada vez, aliviados. Pude então finalmente desmaiar sabendo que sairia de lá, de algum jeito. Os mecânicos logo trataram de desparafusar a carroceria e retirar os sobreviventes de dentro do veículo. Ambulâncias já aguardavam no portão a essa altura.

Quando recobrei os sentidos, dois dias mais tarde, estava deitado em uma maca de um hospital superlotado. Ainda tinha uma gravata amarrada no meu pé direito, uma meia na cabeça e algumas moedas na boca. Mas o importante é que, apesar do horror daquela viagem, eu ainda estava vivo e havia saído sem maiores traumas psicológicos.

Eu acho.

FÁBULAS ALUCINADAS

A Princesa Ingingente

Óia! Esse é um daqueles conto qui si passaro a muitos ano atráis, a tantos ano qui inté dói os miôlo só di tentá arrecordá!

Naquela época, im uma terra distanti pra mais di metro, inzistia uma princesa qui o nome era Gertrude. A tar princesa Gertrude vivia pra lá di sozinha numa tar torre di um tar castelo qui tinha praquelas banda. I daqueli módo disgramado ela viveu toda sua disgramada vida porque um disgramado di um dragão num dava trégua nem pra princesa nem pra quarqué cousa qui arriscasse di bota o fucinho pra fora do castelo.

Naquela merma época inzistia um tar príncipi qui morava numa tar cidade qui istava sobi um tar feitiço qui fazia cum qui todo mundo si parecesse mais cum um sapo di tanta verruga i peréba qui surgia pelo corpo. Pra mór di quebrá cum o feitiço i arresorvê di veiz cos pobrema di pele da população, o tar príncipi tinha qui trazê uma princesa danada di boa pra cidade.

O príncipi andava meio borocochô purque num incontrava a muié qui ele quiria im lugar ninhum, isso seim falá im princesa, qui era mais dificir di achá qui dinhero graúdo im borso di mulequi. Ele já tinha ido inté vê uma tar di Branca di Neve, mais incebô as canela i fugiu qui nem um raio quano viu qui a muié tava mais morta qui um pirú im ceia di Natar, i ainda por cima tava dentro di um caxão.

Quano intão o príncipi oviu falá da tar princesa presa na tar torre du tar castelo, foi qui nem um relâmpigo pra sarvá ela, pra mór di trazê ela pra cidade i acaba di uma veiz por todas cum aquela porquera di vida qui eles levavo.

I intão lá si foi o príncipi montado no Quejadinha, seu cavalo, pra vê si tinha jeito di sarvá a princesa daquele dragão dos inferno.

Quano chegô por lá, viu que o abestaiado do animar tava durmino. Intão ele teve a briante indéia di tirá os carçado i i di pé im pé pra socorrê a muié sem acordá o bicho.
Quano ele tava dibáxo da janela da torre, ele chamô a princesa beim baxinho. Mais ela, qui tinha us ovido qui era uns radar, consiguiu inscutá o príncipi e lógo ixcramô:
- Oh! Meu ardacioso príncipi. Ocê mi achô!

I o príncipi arrespondeu:
- Sim, maraviosa princesa! Veim, pula aqui queu ti agárro e vamo botá cêbo nas canela!
Mais a princesa qui era cheia di nove ora i aquelas cousa toda, dissi:
- Não, ardaz príncipi! Primero voismice teim di mi dizê aquelas palavra bunita qui toda a princesa tem qui oví antis di si atirá nos braço do príncipi. Sinão eu não pulu!

O príncipi, qui nunca foi lá muito chegado nos livro di romance, dissi:
- Hãããã, xeuvê... Teus zóio são qui nem dois bizoro zoiando pra mim, tua boca é qui nem dois sarsichão preso pelas ponta, teus cabelo pareci ispagueti cum molh...
- Pára, pára, pára! Ocê num sabe é nada di palavra bunita! Berrô a princesa.
- Ocê é muito ingingente, princesa! Ocê é muito ingingente! Pula di uma veiz antis qui o bicho acórdi! Supricô o príncipi.
- Não, dissi ela, já qui ocê num sabe decramá umas palavra bunita, ocê vai te qui cantá uma música romântica pra mim, sinão eu num pulo, mais neim qui a vaca tussa!

O príncipi, seim opição, começô:
- Pela loonga istraadaa da vidaá, vô correno i não posso paráaaa...
- Pára, pára, pára! Ocê num sabe é nada di música romântica tamém! Bufô a princesa.
- Ocê é muito ingingente, princesa! Ocê é muito ingingente! Pula di uma veiz antis qui o bicho acórdi! Supricô di novo o príncipi.
- Óia, dissi ela, inquanto ocê não fizé argo rearmente romântico pra mim eu não vô pulá daquí! Não vô!
- Mais princesa, dissi o príncipi, é difícir pensa im argo romântico cum esse dragão nos carcanhár! Não seja tão ingingente e pula di uma veiz, por favor!
- Não pulu! Não pulu! Não pulu! Não pulu! Não pulu! Não pulu! Não pulu! Não pulu! Berrava a princesa.

Nessa ora, o dragão, que tamém não era nada bocó, veio correno vê o que qui éra aquela baruiera. Quano viu qui a princesa tava na janela si sacudino feito um bicho, vuô na direção dela i, im uma bocada, devorô a tar da princesa.

O príncipi ficô tão disiludido, mais tão disiludido, qui nem si mecheu. Ficô ali, parado, feito um muerão. Mais o dragão, im veiz di devorá o príncipi tamém, caiu no chão cum uma baita dor di barriga.
- Ocê tamém é muito ingingente, né dragão? Ironizô o príncipi.

Cum pena do bicho, ele levô o dragão pra cidade e cuidô dele. Pra sorti do povo todas as peréba sumiro, por que o feitiço acabava quano uma princesa viesse pra cidade, mermo qui na barriga di um dragão.
Pro príncipi foi mais milhór di bão ainda. Ele acabô si casano cum uma tar di borralhera, que adorava andá cum sapatinho di vidro, qui ele tinha cunhecido im um arrasta pé i si apaixonado.

I todos fôro feliz pra sempri. Cum eceção do dragão qui nunca si recuperô totarmente dos pobrema intestinar.
 
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