Expressa-te A Ti Mesmo

Perturba-me grandemente o fato de ouvir, vez por outra, expressões que carregam significados completamente diversos daqueles que aparentemente pretendem transmitir. Posso citar como exemplo a expressão "tiro de misericórdia".

Normalmente quem diz esse tipo de frase não conhece misericórdia. Parece-me mais uma insanidade ver alguém dizendo: "Ele capturou o sujeito e deu-lhe um tiro de misericórdia!". Se, afinal, ele acabou brutalmente com a vida do outro, seguramente não houve nenhum tipo de sentimento nobre envolvido na situação. Pelo contrário, acredito que a nomenclatura correta para descrever tal ato poderia ser "tiro de maldade", ou ainda "tiro pra acabar com a sua raça", mas jamais "tiro de misericórdia".

Outro conceito que parece profundamente mal-ajustado é aquele expresso pelo termo "falha persa". Essa idéia surgiu junto aos antigos confeccionadores de tapetes persas que, acrescentando propositalmente uma minúscula falha em seu tapete, queriam demonstrar suas limitações e dizer, com isso, que nada de perfeito pode ser executado pelas mãos humanas. Todavia, analisando-se mais profundamente o conceito, vê-se que ele acaba por dizer exatamente o contrário. Se realmente era necessário acrescentar alguma imperfeição aos trabalhos para que eles não ficassem perfeitos, então os fabricantes já se consideravam capazes de alcançar a perfeição por suas próprias mãos, e a sua falha persa seria mais uma demonstração de falsa modéstia do que qualquer outra coisa.

Não obstante, creio que tanto os confeccionadores de tapetes quanto os frios assassinos provavelmente não pensaram dessa forma, de modo que as suas intenções foram as melhores ao adotar essas opiniões. Mas, apesar disso, não posso deixar de lembrar de uma outra antiga expressão que diz: "De boas intenções o inferno está cheio!" (Não sei quem disse isso pela primeira vez, nem se este indivíduo realmente foi lá nas profundezas do inferno para conferir sua teoria, mas ela parece ser uma consideração muito apropriada em determinados momentos).

Por tudo isso, passei a apreciar grandemente o uso de expressões que não carregam profundos julgamentos ou maiores significados nelas mesmas. Sinto-me bem mais confortável utilizando-me de expressões como "macacos me mordam!", "pelas barbas do profeta!" ou "por que cargas d'água..." para relatar minhas aventuras e ilustrar meus pensamentos.

Mas acho que hoje vou ficando por aqui, apesar do assunto estar muito interessante, pois falar muito dessas coisas acaba sempre por mexer em alguma falha presa alheia, e eu não estou com muita vontade de levar um tiro de misericórdia. Pelas barbas do profeta! Por que cargas d'água eu estou utilizando esses termos? Macacos me mordam! Nem eu sei!

5 comentários

Bafonique em 23 de setembro de 2011 às 10:33

"Puta que paril" e "Caralho" são bem interessantes para se destacar também!
hahhahaha
gostei do texto!
=]

Suka em 23 de setembro de 2011 às 13:09

huhsuah (rindo abeça do comentário acima).
Ameii o texto.

Leandro em 23 de setembro de 2011 às 19:17

Bem legal, o texto e a reflexão!

Magna Eugênia em 24 de setembro de 2011 às 12:00

Como sempre, baum demaix ler seus posts! =)

Anônimo em 25 de setembro de 2011 às 13:27

Muito bom seu post, muito boa a reflexão.
http://lollyoliver.wordpress.com/

Seu comentário é muito bem vindo, só queremos que você não ofenda ninguem com comentários racistas, homofóbicos, e evite o maximo de palavrões. Você pode divulgar seu Blog/Site nos comentários, afinal é vocês que nos sustentam.

 
▲ Topo