Sumi.

Sim, realmente eu sumi.

Mas como todo indivíduo suminte (suminente? sumidante? sumidouro? sumiriente? nenhuma das alternativas?) que se preza, reapareci.

Sumir e não reaparecer deve ser de uma tristeza tão profunda quanto sumir e reaparecer em algum lugar deserto. Felizmente reapareci em meio aos viventes, coisa que me enche de júbilo e satisfação.

Mas como todo ser suminte (resolvi adotar essa forma para o meu disforme desvanecimento), vivo agora, em meus instantes iniciais de súbita reexistência, a me desculpar pelos meus indesculpáveis modos. Sim, ó nobre povo do Mundo Virtual, rogo que aceitem esse indivíduo lunático e desvairado em vosso meio novamente (pelo menos até o meu próximo sumiço que, embora não esteja sendo premeditado de forma alguma, mas sabendo das conexões alucinadas entre meus neurônios, inevitavelmente ocorrerá).

Seja como for, aqui estou. É bem verdade que não posso estar certo disso, já que nunca estou certo de nada. Mas acho que sim. E se aqui estou hoje, grande chance há de que muito brevemente tal fenômeno se repita, embora repetitibilidade não seja uma das minhas mais eminentes características.

Mas nessas minhas sumidas, muitas coisas eu aprendi. Descobri que por mais longe que eu fosse e por mais sozinho que eu procurasse estar, sempre estava muito perto de mim, sempre. Isso me fez crer profundamente, durante um bom período, que eu estava em todos os lugares ao mesmo tempo.

Procurei de todas as forma desvencilhar-me de mim mesmo. Fui para lugares onde poucos seres humanos se aventurariam. Escalei montanhas intransponíveis e desci às profundezas gélidas do mar, claro falo isso com total ausência de exageros,  e em todos esses lugares... lá estava eu.

Tal fato, certamente, muito perturbado me deixou. Passei a temer sobremaneira essa minha onipresença. Se eu realmente me encontrava em todos os lugares ao mesmo tempo, coisas horríveis poderiam estar acontecendo comigo sem que eu tivesse a menor consciência disso. Passei a olhar obsessivamente todos os jornais para certificar-me de que nada de mais grave vinha acontecendo com minha pessoa por esse mundo a fora.

Alucinado (coisa muito comum em meus dias), tive a idéia de telefonar para casa na intenção de falar comigo mesmo. Não atendi. Cri que eu estivesse então tomando banho ou que houvesse saído por alguns minutos. Liguei para vários lugares aonde gosto de ir e perguntei se eu estava por lá. Recebi muitas negativas. A bem da verdade, não recebi nenhuma positiva, o que não me deixou nada neutro nessa situação.

Juntando os pedaços, pude então compreender que eu não era onipresente. Longe disso, eu vinha sendo até bem ausente nos últimos tempos. Pude constatar que, na realidade, eu vivo mesmo é me perseguindo. Para aonde eu vou, eu vou atrás. É quase um caso de polícia.

Bem, enquanto eu me mantiver assim, inofensivo, só me acompanhando, acredito que não haverá maiores problemas. Mas estou, é verdade, tentando me convencer a não somente me seguir. Perguntei para mim mesmo se eu não gostaria de continuar escrevendo no blog, pelo menos de vez em quando, já que minhas rotinas reais e imaginárias estão ocupando quase todo o meu tempo. E como aparentemente eu tenho bastante tempo livre para ficar me seguindo, creio que mataríamos dois coelhos com uma cajadada só (mesmo que matar coelhos a cajadadas seja uma técnica bem rudimentar e pouco eficiente).

Parece que entendi a mensagem, eu acho. Mas como eu disse, não tenho certeza de nada, nem de que eu não tenha realmente certeza de nada, de forma que isso me parece fazer ter certeza de algo. Ou não. Ou talvez. Sei lá. Mas deixa assim por hoje, senão vai ficar parecendo perseguição. 

Comentários

Seu comentário é muito bem vindo, só queremos que você não ofenda ninguem com comentários racistas, homofóbicos, e evite o maximo de palavrões. Você pode divulgar seu Blog/Site nos comentários, afinal é vocês que nos sustentam.

 
▲ Topo