A Cada Tempo O Seu Tempo


Com esses dias frios que têm feito por aqui, olho para os aquecedores, para os chuveiros elétricos, para as torneiras elétricas, enfim, para todos esses confortos e me assombro com esses tempos de tecnologias incrivelmente úteis e, por que não dizer, baratas que o mundo moderno nos proporciona.

E pensar que bilhões de pessoas antes de nós jamais sonhariam em ter água encanada, quanto mais água aquecida, em suas residências. Tornamo-nos de tal forma dependentes desses avanços que não saberíamos o que fazer caso os perdêssemos. O que seria de nós sem a eletricidade? Como sobreviveríamos sem gás de cozinha? Quantos dias suportaríamos a ausência de água em nossas residências antes de entrarmos em desespero? Essa é uma realidade que nós, pacatos cidadãos, não podemos quase nem sequer imaginar (apesar de muitas pessoas ainda sobreviverem desse jeito mundo afora).

Fecho os olhos e me concentro no passado. Com os olhos da mente observo nossos ancestrais de dezenas de milhares de anos atrás. Quase posso ouvi-los dizendo:

- Hur gahf cah jadl grooc assee Rati. (O que nós vamos fazer hoje, chefe?)
- Assee cah jadl trhaa. (Hoje nós vamos caçar)
- Hur cah jadl trhaa Rati. (E o que vamos caçar, chefe?)
- Cah trhaa drunu abaaba tantare. (Vamos caçar um mamute!)

{Aqui abro parênteses para uma pequena explicação lingüística. O termo mamute não existia em trogloditês, portanto era usada expressão "drunu abaaba tantare", que significa, ao pé da letra, "bicho grande pra cacete". Fim dos parênteses}.

- Hur zuih jadl trhaa di Rati. (E como vamos caça-lo, chefe?)
- Tiira rasf ru glebat quarja tamanaz tasoo afeab ru sumta quarja drunu abaaba tantare ru cah ussuâ gataã. (Primeiro vá até a aldeia e chame os guerreiros, depois corra até o vale e atraia um mamute até nós para que o matemos)
- Hur ussuã zu avka tusse tunê fragag (Por que eu tenho sempre que ser a isca?)
- Ussuã za tunê harae zinti quo za gataã du tunê harai danza. (Porque você é o mais fraco, e se você morrer não fará muita falta)

Como vocês podem ver, a vida era muito dura naqueles tempos imemoriais. Principalmente para os menos favorecidos atleticamente.
Mas seguramente chegará o dia em que nossos descendentes olharão nosso tempo e horrorizados dirão:
- Como eles conseguiam sobreviver sem os encogrimadores quânticos? Como era possível suportar a existência sem nenhum tipo de levilet gravitacional ou de, ao menos, pardiurentes bio-assimiladores? O que seria de nossa civilização sem a neuroflimerização global?

Sinto uma alucinada alegria por ter nascido nessa época de alta-tecnologia, mas estaria mentindo se dissesse que não sinto uma enorme tristeza por não saber o que é um encogrimador quântico.

1 comentário

Fábio Sousa em 15 de fevereiro de 2012 às 07:37

Gostei do texto e da leve pitada humorística, kkkkkkk. Parabéns, eu não faço ideia do que é um encogrimador quântico... EUHeuaeu

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