O PREÇO DA LIBERDADE

Foi tão estranho que até mesmo o relógio parou naquele dia... Não foi um estranhamento de surpresa, ao menos não deveria ser. Naquele dia, talvez, ela deixara-se cortar em definitivo suas asas, ela que conhecera a liberdade e já lhe considerava íntima... Permitira então, num ímpeto, que suas asas fossem destruídas já que por dentro se encontrava um caos. O que ela sabia, no fundo, é que cortar-lhes as asas não faria dela prisioneira, visto que, ainda assim haveria saída. Ela encontraria asas na imaginação e mesmo fisicamente acharia uma forma de voar sem precisar sair do chão. Mesmo assim chorava a dor das asas partidoas, pois preferiu este sacrifício ao da própria alma. Custaria sim a cicatrização, e neste meio tempo saberia o preço que havia sido pago, porém jamais sairia da memória o bater de asas, os vôos em bando e a graça de riscar o céu sem hora para voltar. Isso nem mesmo ela, se quisesse, poderia destruir. E como não queria, pois no íntimo era sua lembrança mais valiosa, ela sorria em meio a dor... Em meio ao sacrifício de estar preso por vontade.



*Créditos da imagem: http://sitedepoesias.com/poesias/35662

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