Pensamento de um "Eu" Náufrago

Há um tempo atrás eu ainda não havia assistido ao filme "O náufrago", aquele no qual o personagem interpretado por Tom Hanks fica alguns anos compulsoriamente num resort tropical. Aluguei então o referido DVD. Embora no início eu tenha acreditado tratar-se de um comercial da Federal Express, ela acabou revelando-se um bom entretenimento.

Como todo náufrago que se preza, ele sobreviveu a um acidente insobrevivível e amanheceu estirado como um pedaço de bacalhau às margens de uma praia em uma ilha inabitada. Aos poucos foi habituando-se ao local e aprendendo a sobreviver naquela terra de privações.

Imagino-me em semelhante situação, acordando em meio à areia na deserta ilha e pensando o que fazer a partir de então. Creio que, primeiramente, eu levantaria. Eu detesto deitar na areia, e estou certo que a sensação de centenas de milhares de minúsculas partículas pedregosas coladas à minha pele por horas não me proporcionaria encanto.

Em segundo lugar, procuraria a presença de um indivíduo humano ou, ao menos, sinais de uma civilização, tais como: tiroteios, acidentes de trânsito, perseguições policiais, atentados suicidas, ou outras atividades que definem nossa espécie. Obviamente não encontraria, caso contrário eu não estaria em uma ilha deserta.

A essa altura, minhas funções gastrintestinais já estariam dando sérias demonstrações de sua impaciência alimentar. Sairia então à procura de alguma substância comestível que não fosse por demais repugnante, como cocos, frutinhas silvestres ou outro vegetal não venenoso. Entretanto, levando-se em conta meu limitadíssimo conhecimento botânico, eu somente descobriria seu possível poder tóxico através do método de tentativa e erro.

Caso não encontrasse o tão almejado vegetal, e pressionado pela sofreguidão nutricional, seria obrigado a partir em busca das tais substâncias repugnantes, as quais, estou certo, abundariam.

Quanto à falta de companhia - situação que deixou o personagem do filme no limiar da sanidade - creio que não existiriam maiores problemas no meu caso, visto que, com algumas semanas sem medicação, todos os objetos daquela ilha - animados ou inanimados - estariam prontamente disponíveis para prolongados bate-papos sem hora para terminar.

E então, após alguns anos de intenso penar, haveria de ser resgatado de minha prisão insular. E em casa, acolhido por parentes e amigos venturosos com meu retorno, pegaria meu jornal e exclamaria após lê-lo por inteiro:
- Não há lugar como nosso banheiro!

1 comentário

Unknown em 26 de abril de 2011 às 21:35

Adooooorei a resenha que fez para o filme, Rabbit... Sempre mto criativo! Esse é o meu amigo! Parabéns viu?

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